Revista Magistratus - Número 2 - Setembro 2017
19 2017 Revista Magistratus Os perigos da superexposição Segundo o inspetor Guilherme Caselli, “caiu na internet, vai ficar per- petuado; não tem para onde correr.” O inspetor, que está na DRCI há sete anos, lembra que“a maioria das vítimas tem de oito a 15 anos e costuma expor a própria vida por meio de fotos, vídeos e men- sagens.” Empresas como o Facebook, aqui no Brasil, recebem por mês mais de dois mil ofícios com denúncias de “T emer baixou Emenda Constitucional proibindo a lei- tura da Bíblia no Brasil”. Com o exemplo desta notícia falsa, recebida pelas redes sociais, o professor Walter Capane- ma, coordenador-geral dos Cursos de Direito Eletrônico da EMERJ, iniciou, no dia 14 de junho, a palestra sobre as fake news - notícias falsas e boatos que são divulgados e compar- tilhados diariamente na internet. A abertura do encontro foi realizada pelo desembargador Fernando Foch, presidente do Fórum Permanente de Mídia e Novas Tecnologias da Infor- mação da EMERJ. Os debatedores Mauro Ventura, jornalista e escritor, e Sérgio Branco, diretor do Instituto de Tecnologia e Sociedade, falaram da responsabilidade de cada usuário em verificar a veracidade da notícia antes de compartilhar. “Pre- cisamos ensinar os nossos alunos a terem uma leitura crítica”, observou Sérgio Branco. Durante a palestra, o professor Walter Capanema mos- trou fotos manipuladas por aplicativos e imagens falsas, como Expor a rotina na rede é um grande risco, um caminho aberto para os criminosos. mensagens, imagens e comentários de- preciativos que se alastram na internet, o chamado cyberbulling . Há situações que atingem quem cuida dos jovens. Um exemplo é o de alu- nos de uma escola que fotografam uma professora com o celular e criam um gru- po chamado “ Eu odeio a professora “X’. A partir daí, passam a ofender aquela pes- soa nas redes sociais. As fotos são ampla- mente divulgadas e a professora fica rotu- lada como uma má pessoa. Casos como esse se repetem com frequência. O crime de racismo também é co- mum na internet. No ano passado, hou- ve pelo menos dois casos com pessoas famosas. A cantora Preta Gil foi surpre- endida com ataques racistas pelo Face- book, e a filha do ator Bruno Gaglias- so, Titi, de apenas dois anos, também foi alvo de ofensas racistas. Segundo as investigações, um grupo identificado como “ haters ”, usa as redes sociais para propagar o ódio na internet. O inspetor chama a atenção para a superexposição nas redes sociais e lembra que todos os arquivos de mídia, como fotos e vídeos, ficam acessíveis aos criminosos na “nuvem”, que é um tipo de arquivo online . Durante a palestra na Emerj, o investigador mostrou como é possível descobrir os dados de uma pes- soa apenas com a foto de uma rede social. As fontes abertas, que são informações livremente disponibilizadas na web , re- velam desde os números de documentos até o endereço e telefone, além do e-mail da pessoa. A internet também deixa dis- ponível a geolocalização, mostrando por quais cidades do mundo aquela pessoa passou, com datas precisas. “Expor a ro- tina na rede é um grande risco, um cami- nho aberto para os criminosos”, conclui Guilherme Caselli. O professor Walter Capanema pede mais atenção aos responsáveis pe- los jovens, já que a maioria das vítimas dos criminosos é criança ou adolescente. “A primeira responsabilidade é dos pais. Eles devem ter uma boa relação familiar, conversar com os filhos. Primeiro, deve-se recuperar o que está sendo perdido, que é o contato familiar. É preciso saber o que os filhos estão fazendo com seus celula- res e computadores. Muitos são casos de jovens em situação de lamento, que acaba- ram sendo atraídos e até mesmo adotados pelos criminosos da internet”. ” uma rachadura na ponte Rio-Niterói. Capanema alertou que provocar alarme produzindo pânico está previsto no artigo 41 da Lei das Contravenções Penais. Capanema destacou ainda que as fake news podem gerar sérias consequências e levar o autor a responder por questões de responsabilidade civil, calúnia, injúria, difamação e até inci- tação ao homicídio, como o caso que aconteceu em 2014, no Guarujá, no litoral paulista, com a dona de casa Fabiane Maria de Jesus, espancada até a morte por moradores da cidade, de- pois da divulgação de boatos de envolvimento em rituais de magia negra com crianças. O palestrante orienta os usuários das redes sociais a evi- tar compartilhar boatos e notícias falsas. “A primeira dica é ter bom senso, ler a notícia, prestar atenção no que se fala. Muitas vezes é uma notícia de um site de piada e as pessoas trans- mitem como se fosse verdade. O ideal é o seguinte: antes de compartilhar, cheque”, concluiu o professor. Fake news Fórum Permanente de Mídias e Novas Tecnologias da Informação
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