Revista Magistratus - Número 2 - Setembro 2017

18 Revista Magistratus 2017 INSTITUCIONAL ” “ A vulnerabilidade dos usuários das redes sociais, principalmente crianças e adolescentes, foi tema da palestra da delegada Daniela Terra, titular da DRCI, e do investigador Gui- lherme Caselli de Araújo, no auditório Desembargador Roberto Leite Ventura, na EMERJ, no dia 12 de junho. O pro- fessor Walter Aranha Capanema, coorde- nador dos Cursos de Direito Eletrônico da EMERJ, foi o debatedor do encontro. Atualmente, a DRCI tem cerca de três mil inquéritos de crimes cibernéti- cos, entre eles, crimes contra a honra e extorsão. A maioria das vítimas, e tam- bém dos criminosos, é jovem, ainda na fase da adolescência, e se considera invi- sível por estar atrás de um computador. Mas o investigador da DRCI Guilherme Caselli de Araújo ressalta que as inves- tigações estão avançando. “É evidente que tem muita gente que se utiliza de subterfúgios para maquiar a conexão e dificultar o trabalho policial, mas quan- do o criminoso não deixa um rastro no Cybercrime: a maioria das vítimas é criança ou adolescente Uma menina de treze anos entra em uma comunidade da rede social, o Facebook, e começa a se mutilar. Parece o início da narração de um filme de ficção, mas é a realidade de muitos jovens em várias partes do mundo. Recentemente, chegaram à Delegacia de Repressão a Crimes de Informática (DRCI) no Rio de Janeiro, vítimas de um jogo chamado Baleia Azul. Pelas redes sociais, crianças e adolescentes são convidados, por uma pessoa que se intitula curador, a participar de uma série que apresenta cinquenta desafios diários. No início, são apenas simples desenhos; depois, os desafios passam a exigir mutilações, até o objetivo final, o suicídio. Ainda não se sabe a origem do jogo, mas foi detectado pela primeira vez na Rússia. início da atividade delituosa, certamente deixará esse rastro na saída. E é exata- mente nesse viés que nós avançamos nas investigações. Até hoje, com toda a hu- mildade, temos conseguido sucesso”, ga- rante o investigador. Guilherme Caselli destaca ainda que, para iniciar as inves- tigações, é preciso que as vítimas de cri- mes cibernéticos procurem a DRCI com o endereço virtual do criminoso (URL) e uma cópia ( print ) da página da ofensa. do Baleia Azul, os curadores, adolescen- tes ou não, vão responder por crimes ou atos infracionais análogos à instigação de suicídio.” A delegada ressalta ainda que “o Baleia Azul não é apenas um jogo, mas um grande problema social. Temos que alertar os nossos jovens, mas os pais pre- cisam ficar atentos.” Daniela Terra acres- centou que muitas pessoas levaram os filhos até a delegacia por acreditarem que eles estivessem envolvidos com o jogo, mas ficaram surpresas ao descobrir que os filhos estavam se mutilando por outros motivos. A delegada informou que, até aquela data (12 de junho), foram atendi- das três vítimas do Baleia Azul na DRCI. “A maior preocupação dos pais deve ser com a mudança de comportamento dos filhos. O jogo Baleia Azul é apenas mais um dos diversos perigos a que os jo- vens ficam vulneráveis na internet. Envol- vimento com pedófilos e com falsos perfis de celebridades é mais comum do que se imagina”, revela a delegada. O Baleia Azul não é apenas um jogo, é um problema social. A delegada Daniela Terra esclare- ce que não se trata de uma brincadeira: “A pessoa que se intitula curador desse tipo de jogo pode responder por homi- cídio como agente garantidor. No caso

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