Revista da EMERJ - V.25 - n.1 - Janeiro/Abril - 2023
R. EMERJ, Rio de Janeiro, v. 25, n. 1, p. 82-104, Jan.-Abr. 2023 89 aluno precisa estar envolvido com os projetos e atividades pro- postos pela entidade de ensino, em uma associação colaborativa com os membros que a compõem, na qual divide espaços, aten- ção e experiências. O direito à educação ultrapassa o fornecimento de escolas para todos: ele precisa ser contíguo ao incentivo da aprendiza- gem e do desenvolvimento da competência dos alunos no apri- moramento de suas habilidades cognitivas relacionais. Não bas- ta asseverar que haja políticas especiais para disponibilização de vagas nas instituições de ensino ou campanhas que promovam levas de matrículas sem que sejam viabilizadas condições para que quem entre na escola possa realmente ser por ela acolhido e participe de seus programas. Presume-se ainda que, durante o processo educacional, prá- ticas educacionais que visem à padronização e homogeneização dos estudantes sejam revistas (CORREIA, 2010), desconstruin- do estereótipos que afastam os sujeitos do processo educativo – como alcunhá-los de “preguiçoso”, “incompetente”, “relaxado” ou “desinteressado” – e ressignificando condutas naturalizadas. Que durante esse processo, a normatividade (e seus conceitos afins, como “desviante” e “padrão”) possa ser repensada, sem objetalizar ou esvaziar as potencialidades de cada um (FASOLO, 2017), aceitando os diferentes ritmos de aprendizagem, histórias pessoais e singularidades (SILVA, 2012). Mas, principalmente, que seja capaz de se abrir à multiplicidade cultural representativa da sociedade na qual subsiste, concretizando a socialização e as redes de solidariedade em seu meio. A acessibilidade à educação e a viabilização de uma construção do conhecimento mais abran- gente e extensiva são frutos da conjugação entre mecanismos de inserção e inclusão escolar. Elas não só impactam diretamente a constituição da cidadania como refletem o modo como as pesso- as se relacionam entre si e com o mundo, compondo a diferença entre aceitar ou excluir determinada categoria de indivíduos . Mais do que um locus do conhecimento, a escola deve asse- gurar o desenvolvimento de seus aprendizes enquanto sujeitos.
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