Revista da EMERJ - V.25 - n.1 - Janeiro/Abril - 2023
R. EMERJ, Rio de Janeiro, v. 25, n. 1, p. 82-104, Jan.-Abr. 2023 88 te relegados ao senso comum da incapacidade e dos distúrbios cognitivos elencados nos relatórios de desempenho e retenção, passam pela escola sem uma averiguação precisa sobre suas re- ais necessidades ou uma proposta mais efetiva que vise a promo- ver suas habilidades. Muitas vezes, a percepção pré-conceituosa consolidada com que são recebidos contribui para que evadam, sedimentando a concepção de que efetivamente não respondem aos estímulos propostos e/ou aos esforços dispendidos – o que justificaria a falta de empenho e investimento para com eles. Levando em consideração ser a educação o principal mo- tor para a emancipação dos indivíduos (FREIRE, 1997), aceitar e trabalhar com as diferenças (SASSAKI, 1997) é essencial para se promover a inclusão social. Para isso, faz-se necessário conhecer a realidade daqueles a quem a escola deve atender, para se traçar intervenções potentes. Quando alunos são invisibilizados no am- biente escolar – sem expectativas ou investimentos que contri- buam para o desenvolvimento de suas capacidades individuais, descartados em sua potência e promissão –, também o são no processo produtivo. Es se movimento tende ainda a produzir a culpabilização do sujeito pelo seu insucesso, sem problematizar os motivos que levaram a isso. Diante de tais circunstâncias, a inserção desses alunos na rede de ensino não é suficiente; antes, torna-se primordial que se viabilize a sua inclusão nesse espaço – o que dependerá das articulações institucionais, dos projetos políticos pedagógicos e da capacidade de acolhimento das deman- das reportadas. A pesar do movimento realizado pela legislação brasilei- ra nas últimas décadas de buscar a inserção do maior número de alunos nas escolas, permanece insatisfatória sua manutenção nelas, uma vez que estar inserido não é o mesmo que estar incluído . Essa operação tampouco operacionaliza a aceitação das diferen- ças, propiciando a vinculação necessária para a efetivação de uma educação consistente e produtiva. Estar incluído pressupõe a necessidade, antes de mais nada, de uma relação afetiva, de pertencimento . Significa que, para além da subsunção ao meio, o
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