Revista da EMERJ - V.25 - n.1 - Janeiro/Abril - 2023

 R. EMERJ, Rio de Janeiro, v. 25, n. 1, p. 55-81, Jan.-Abr. 2023  71 e, consequentemente, da inexistência de compromisso com a universalização, deve equilibrar o atendimento da demanda potencial com a responsabilidade de garantir a viabilidade fi- nanceira da operação. Uma vez estimada a população de beneficiários do siste- ma de saúde público, é necessário estabelecer políticas públicas para garantia da cobertura universal, agora pensada em termos de serviços de saúde que incluem atendimento, procedimentos médicos e medicamentos. Em outras palavras, a cobertura universal sob a ótica de serviços pressupõe o conhecimento da demanda potencial e de todos os serviços possíveis, o que é impossível do ponto de vista prático, seja porque a cada dia surgem novas necessidades até então não existentes, seja porque o desenvolvimento de novas tecnologias e medicamentos na área de saúde ocorre de forma contínua e não controlável. A impossibilidade fática atinge também o setor privado, que sofre a mesma pressão contínua do desenvolvimento de no- vas tecnologias e medicamentos, em situação de recursos finitos e obrigatoriedade de garantia de solvência e sustentabilidade da operação. O desenvolvimento tecnológico é muito desejável por toda a sociedade, não há dúvida, porém, a incorporação nos sis- temas de saúde requer coerência e racionalidade. No setor privado, especificamente, é preciso analisar a questão do financiamento sem perder de vista a função social da atividade que desempenham as operadoras de saúde. Independentemente da modalidade empresarial – medi- cina de grupo, cooperativas ou seguradoras – as operadoras de saúde precisam compatibilizar três centros de interesse: (i) do segurado ou beneficiário e do segurador ou operador do pla- no, em uma perspectiva individual; (ii) do conjunto de segu- rados e/ou beneficiários e do fundo por eles constituído, em uma perspectiva coletiva interna; e (iii) dos centros de interes- ses acima descritos com o da coletividade externa (RITO, 2012, p. 284-285).

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