Revista da EMERJ - V.25 - n.1 - Janeiro/Abril - 2023
R. EMERJ, Rio de Janeiro, v. 25, n. 1, p. 55-81, Jan.-Abr. 2023 57 Tecnologia e inovação são palavras muito comuns em nossos tempos pré e pós-pandêmicos. Se antes da eclosão da pandemia da Sars-Covid-19 os recursos tecnológicos e de ino- vação já cresciam em alta velocidade, o período de isolamen- to social adotado como prevenção ao risco de contaminação tornou obrigatório o uso de novos instrumentos e meios de comunicação social para a execução do trabalho e, claro, para o atendimento à saúde. A telemedicina ou telessaúde, que no Brasil era tratada de forma tímida, com intenso debate sobre a forma como deveria ser adotada, tornou-se realidade logo no início da pandemia e, na área da saúde suplementar, registra números impactantes. Somente as associadas da Federação de Saúde Suplementar – FENASAUDE – estimam ter realizado, desde abril de 2020, 6,5 milhões de teleatendimentos e, aferido nível de satisfação dos usuários acima de 90% (VALENTE, 2022). A tecnologia e a inovação estão presentes em todas as áreas da saúde, pública e privada, e a expectativa é que conti- nuem a ser produzidas em larga escala, de forma a atingir to- das as etapas de cuidado, da atenção primária aos tratamentos complexos para doenças raras ou autoimunes. O incentivo para o desenvolvimento tecnológico e disruptivo vem de todos os atores dessa rede de relações: pacientes, médicos, hospitais, in- dústria farmacêutica e, embora as fontes pagadoras diretas – governo e planos de saúde – vejam com apreensão o aumento dos custos decorrentes das novas tecnologias da saúde, tam- bém desejam melhor atendimento e desfecho clínico positivo para os beneficiários. Mas a reflexão de Hans Jonas é pano de fundo necessário para os anseios por tecnologia e inovação. É preciso priorizar a responsabilidade e a ética quando se trata de introduzir a técnica em área tão sensível para a humanidade como é a saúde. Com essa perspectiva filosófica e jurídica que envolve éti- ca e responsabilidade, este trabalho tem por objetivo estudar a avaliação de tecnologia em saúde – ATS – como instrumento de
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