Revista da EMERJ - V.25 - n.1 - Janeiro/Abril - 2023

 R. EMERJ, Rio de Janeiro, v. 25, n. 1, p. 198-215, Jan.-Abr. 2023  214 • Observe-se que em quase todas as culturas latinas é sem- pre mais difícil o estabelecimento da ordem. Daí se com- preende uma das razões básicas para a precariedade de economias da América Latina. O mesmo se dá na África e parte da Ásia. Mais uma vez: enquanto a ordem é irmã siamesa do elevado grau da qualidade resultante, a de- sordem é espelho do baixo grau de qualidade, da entro- pia, de perdas desnecessárias de recursos. • Um outro exemplo de ordem é a coleta de lixo reciclável em Dublin. São vários centros de coleta de lixo descar- tável (papel, papelão, vidros coloridos, vidros brancos, madeira, metal, tecidos etc.), todos operados pelos go- vernos locais. São espaços grandes, limpos, organizados e urbanizados, contando com variados tipos de coletores. A frequência de usuários é grande, especialmente em fins de semana. Tudo se passa com notável civilidade e usabilidade, o que estimula a sociedade a fazer a coleta seletiva. Mais uma vez, a ordem trabalhando em prol da sustentabilidade. • Em uma visão micro, quando há ordem (informação) nas áreas departamentais de uma organização, há tendência de que que as relações internas e externas sejam mais har- moniosas. Como resultado, as ações gerenciais tendem a ser mais virtuosas, do que decorre a satisfação no trabalho nessa organização, menos pressão, maiores resultados e melhor qualidade de vida dos colaboradores. • Em uma visão macro, quando há ordem em uma país, há tendência de que as suas instituições sejam harmoniosas. Como resultado, as ações do governo tendem a ser mais virtuosas, do que decorre segurança jurídica, menores custos de contratos e bem-estar social, condições que cul- minam na qualidade de vida neste país. • Especificamente no atual momento, o Brasil vive ina- creditável desordem nas suas instituições. O desastroso resultado para a sociedade é a desorganização da eco- nomia, com aumento da desigualdade, desemprego, as- sistencialismo, privilégios escandalosos, culminando na incerteza jurídica (nem o passado é certo), o que inibe o investimento interno e externo, essenciais ao desenvolvi- mento da sociedade.

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