Revista da EMERJ - V.25 - n.1 - Janeiro/Abril - 2023
R. EMERJ, Rio de Janeiro, v. 25, n. 1, p. 198-215, Jan.-Abr. 2023 202 Ordem implica estabelecer regras comuns a todos e respei- tá-las, de modo a manter a harmonia no ambiente considerado 6 , objeto da nossa atenção. Tentemos encaixar a essência de ordem à natureza que nos cerca. Esbarramos numa séria dificuldade: a ciência demonstra que a existência de ordem contraria a natureza. Como assim? A Terceira Lei da Termodinâmica 7 mostra que o mundo ca- minha velozmente para destruir toda a ordem vigente. Em ou- tras palavras, a existência de ordem e, portanto, de qualidade é antinatural. Criar ordem (ou qualidade) implica consumir uma quantidade e um tipo específico de energia. Daí dizer-se, com propriedade, que a gestão, a governança, a manutenção da or- dem vigente sempre desgastam. O gestor tem prazo de validade, já que a sua energia útil vai sendo consumida e desgastada com o tempo (perda da sua utilidade marginal). Por decorrência, a execução de toda e qualquer atividade da economia, pequena, grande, simples ou complexa, impli- ca alguma perda de energia útil do repositório existente, com maior ou menor impacto ao meio ambiente. Por decorrência, manter qualidade requer a aplicação contínua de energia coe- rente, capaz de gerar mudanças construtivas no ambiente con- siderado, seja ele um objeto, um indivíduo ou uma organização de qualquer tamanho. Suponhamos que queiramos avaliar o grau de qualidade, informação ou ordem física existente em um automóvel. Imagi- nemos duas condições: o grau de ordem física existente em um Corolla novo e a ordem física de um Corolla que sofreu um aci- dente e teve perda total. 6 O ambiente considerado é definido pela NBR ISO 9000:2015 como “conjunto de elementos inter- relacionados ou interativos de uma organização para estabelecer políticas, objetivos e processos para alcançar esses objetivos”. Por simplicidade, é adequado aceitar os termos “sistema de gestão” como equivalente a “sistema de gestão da qualidade”, bem como a “sistema de gestão integrado”. 7 A ciência comprova que, desde o Big Bang , existe uma marcha inexorável de perda de energia útil em todas as coisas. Energia útil é aquela capaz de produzir trabalho. A inexorável tendência à desordem é associada a aumento da entropia, propriedade da natureza descrita pela Terceira Lei da Termodinâmica. Em resumo, isso indica que tudo que teve um começo terá um fim.
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