Revista da EMERJ - V.25 - n.1 - Janeiro/Abril - 2023

 R. EMERJ, Rio de Janeiro, v. 25, n. 1, p. 198-215, Jan.-Abr. 2023  200 A essência da virtude 2 “qualidade” é orgânica da evolu- ção do homem. A história dessa evolução sugere que o homem, desde suas origens como Homo sapiens, tem sido condicionado primeiro a fazer e a construir, mediante comparação das proprie- dades não fundamentais das coisas com que se depara (textura, cor, brilho, sabor, odor etc.) com as percepções dos seus sentidos. O impulso de construir se dá em razão da busca incessante para melhorar a funcionalidade dos utensílios que tinha em mãos 3 . Isso acontece porque o homem necessita compreender a realidade com que se defronta, de modo a assegurar a sua sobre- vivência. A necessidade de compreender a sua realidade condi- ciona o homem a pensar e a fazer análises da sua situação. Como resultado das análises (que são inconscientes), a cada evento, o homem gera juízos (pensamentos) que podem ser afirmativos, negativos ou indefinidos. Tais juízos provocam, res- pectivamente, reações de aceitar e aprimorar a sua compreensão do evento ou de rejeitá-lo, nesse caso lutando ou fugindo, caso perceba riscos à sua sobrevivência. A singularidade está na essência dos sapiens, o DNA, que é sempre único, tal como são as suas digitais. Daí decorre que os homens nutrem diferentes forças internas motivadoras ( anima mundi ) para sair de sua zona de conforto, indo além do simples fazer, mas agora na busca da perfeição, da sofisticação. O notável cientista Joseph Juran identificou que a busca espontânea para agir e aperfeiçoar está presente não na cúpula das organizações, mas em algumas pessoas 4 do nível médio das organizações, que são intrinsecamente motivadas ou idealistas. 2 Impulsos de agir, de sair da zona de conforto e de aperfeiçoar, conhecidos como anima mundi. 3 Este impulso revelaria a essência do Ciclo PDCA de Deming? PDCA enfeixaria as iniciais das ações Planejar-Desenvolver-Checar (Verificar)-Agir (aprender e atuar corretivamente). Busca criar funcionalidade nas coisas que o cercam. 4Na virada do século XIXpara o século XX, o psicanalista Carl Gustav Jung defendeu a existência de oito padrões de comportamentos humanos. Um desses tipos, que ele denominou “Pensamento” e que pode ser introvertido ou extrovertido, nutre o impulso de criar funcionalidade em todas as coisas presentes em sua realidade (PDCA?). Um outro tipo, denominado “Sentimento” (também introvertido ou extrovertido), nutre apelo para criar ou manter situações das quais emanam ordem, harmonia, beleza, estética etc. São atributos que nutrem mais o espírito do que o corpo, presentes em artistas, estetas, inventores, cientistas, músicos, arquitetos, construtores, urbanistas etc. São pessoasmais sensíveis à contemplação do que à produção.Aironia é que amesma história que evidencia inacreditáveis avanços tecnológicos tambémaponta o dedo para o risco de destruição da raça humana.

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