Revista da EMERJ - V.25 - n.1 - Janeiro/Abril - 2023
R. EMERJ, Rio de Janeiro, v. 25, n. 1, p. 105-129, Jan.-Abr. 2023 111 there is significant misunderstanding accompanying use of the phrase. However, this is not the classical case of the public not understanding the scientists—here the scientists are often as befuddled as the public. The idea that our era is somehow seeing the emergence of an intelligence in silicon that rivals our own entertains all of us, enthralling us and frightening us in equal measure. And, unfortunately, it distracts us. 1 Às vezes, as pessoas tendem a compreender a expressão “inteligência artificial” como um sinônimo de “inteligência hu- mana”. No entanto, ainda que alguns agentes sejam inteligentes e autônomos em certos aspectos, provavelmente permanecerão máquinas inconscientes ou sendo utilizados como dispositivos que apoiem os seres humanos em tarefas complexas e específi- cas. A realidade de um processamento digital é diferente daquela do processamento biológico, das qualidades e das habilidades cognitivas que se encontram nas criaturas, como nos seres huma- nos e em outros animais (Aïmeur, 2021). Os algoritmos com inteligência artificial ainda não conse- guem criar representações semânticas, não se engajam profunda e criativamente, não têm emoções e não fazem inferências em condições de colocá-las como idênticas às de um ser humano. Ao mesmo tempo, os algoritmos podem ser desvirtuados para refle- tir fenômenos sociais complexos e danosos, que necessitam da sensibilidade humana para análise, numa contraposição à toma- da de decisão produzida a partir da análise meramente objetiva. Além disso, vícios como vieses e discriminações algorít- micas potencializam lesões a direitos e possuem a capacidade de naturalizar a violação de direitos e de garantias constitucio- nalmente asseguradas. Isso acontece porque tende a haver uma percepção de credibilidade absoluta no processamento compu- tacional, principalmente em decorrência da associação de que 1 “A Inteligência Artificial (IA) é o mantra da era atual. A frase é entoada por tecnólogos, acadêmicos, jornalistas e capitalistas de risco. Tal como acontece commuitas frases que passam dos campos acadêmicos técnicos para a circulação geral, há um equívoco significativo acompanhando o uso da frase. No entanto, este não é o caso clássico de o público não entender os cientistas – aqui os cientistas são muitas vezes tão confusos quanto o público. A ideia de que nossa era está de alguma forma vendo o surgimento de uma inteligência em silício que rivaliza com a nossa nos diverte, encanta e assusta em igual medida. E, infelizmente, isso nos distrai.” (tradução nossa)
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