Revista da EMERJ - V. 24 - N. 2 - Maio/Agosto - 2022
R. EMERJ, Rio de Janeiro, v. 24, n. 2, p. 202-216, Mai.-Ago. 2022 213 Também se revelou a necessidade urgente de educação am- biental para o descarte adequado dos resíduos sólidos e destino dos efluentes sanitários e, mais que isso, é preciso implantar a cultura sistêmica do trabalho conjunto entre as Secretarias go- vernamentais, entre estas e a população, entre estas e demais instituições, além, obviamente, planejar e executar medidas es- truturais e não estruturais para diminuir a exposição ao risco, para mitigar os riscos e para planejar a ocupação do solo, além de fiscalizar de modo eficiente a ocupação desordenada do solo urbano de forma contínua. Nesse contexto da ocupação desordenada, não se pode dei- xar de mencionar que a intervenção do homem na natureza, em especial no que diz respeito à devastação de áreas florestadas, tem alterado significativamente o ciclo hidrológico e contribuído para a ocorrência de desastres. A professora Ana Luiza Coelho Netto, em estudo sobre o Maciço da Tijuca 12 , que, todavia, adequa-se como uma luva ao caso concreto de Petrópolis, ensina que: Embora possamos atestar que os movimentos de massa são fenômenos naturais característicos de sistemas monta- nhosos e florestados (COELHO NETTO, 1985), temos que reconhecer que a intensificação de suas ocorrências, por efeito das mudanças ambientais correntes, pode romper a capacidade de recuperação natural do ecossistema florestal. Na medida em que as cicatrizes erosivas promovem efeitos de borda capazes de levar à retração florestal, tal como foi abordado anteriormente, tornam-se elementos funcionais da paisagem e interferem na dinâmica florestal. Assim sen- do, devem ser vistas como mais uma das possíveis causas da devastação florestal e, por conseguinte, da crescente vulne- rabilidade das encostas. Assim, a ocupação irregular das encostas e as queimadas são exemplo de devastação florestal que estão intimamente liga- 12 Coelho Netto, A. L. (2011). A interface florestal-urbana e os desastres naturais relacionados à água no maciço da tijuca: desafios ao planejamento urbano numa perspectiva socioambiental. Revista do Departa- mento de Geografia , 16 , 46-60. https://doi.org/10.7154/RDG.2005.0016.0005
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