Revista da EMERJ - V. 24 - N. 2 - Maio/Agosto - 2022
R. EMERJ, Rio de Janeiro, v. 24, n. 2, p. 202-216, Mai.-Ago. 2022 209 O que se quer dizer é, de forma exemplificada, que de nada adianta ter um plano de contingência se os atores das ações sis- temáticas não entendem o seu papel dentro do sistema. De nada adianta ter um alerta se a população não foi capacitada para compreender o risco a que está exposta; se ela não sabe as rotas seguras de fuga; se ela não sabe o ponto de apoio para onde se deslocar. De nada adianta mapear as áreas de risco se as obras de mitigação não são executadas dentro de um universo de curto, médio e longo prazo. Enfim, o planejamento deve andar de mãos dadas com as ações e com a interlocução acessível entre o Poder Público e a comunidade. Trabalhar em conjunto para a prevenção e a preparação aos desastres é sinônimo de reduzir as vulnerabilidades, de reduzir a exposição ao perigo, é fazer a população compreender que faz parte desse contexto e que ela precisa saber e perceber a sua ex- posição ao risco; saber como se proteger é fortalecer as capacida- des locais, é formar resiliência, ou seja, formar comunidades que têm a capacidade de retornar ao seu equilíbrio após sofrer algum tipo de desastre. E isso só se consegue com trabalho conjunto, sistêmico, entre o Poder Público e a coletividade. Criar a cultura de trabalhar de forma integrada, sistêmi- ca, talvez seja um dos maiores desafios no enfrentamento das questões que envolvem os desastres. Não há falta de articulação somente entre as secretarias de governo, mas entre o governo e a população, entre governo e instituições. Há necessidade de in- corporar na cidade a ideia de que prevenir, preparar, responder e reconstruir no escopo do contexto de desastre não é só tarefa da Defesa Civil, é uma tarefa de todos, cada qual fazendo a sua parte e integrando-a no todo sistêmico. 4. CIDADES RESILIENTES – MCR 2030 Rememorando o que já foi dito no início do texto, a Orga- nização das Nações Unidas (ONU) conceitua cidades resilientes como aquelas capazes de “resistir, absorver, adaptar-se e recu- perar-se dos efeitos de um perigo de maneira tempestiva e efi-
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