Revista da EMERJ - V. 24 - N. 1 - Janeiro/Abril - 2022

 R. EMERJ, Rio de Janeiro, v. 24, n. 1, p. 11-32, Jan.-Abr. 2022  30 sentativa, mas presente nos espaços des-hierarquizados, realiza- da em gestão de novas cidades, numa linguagem formada pelos próprios atores, com suas críticas, sugestões e escolhas, como elemento da própria dinâmica da sociedade, advindo de um sen- so comum de problematização. Há movimentos nas redes que parecem corresponder às novas exigências da contemporaneida- de em novos espaços de representação. Nesse início de século XXI, percebe-se que os sujeitos coletivos são os protagonistas re- ais dos acontecimentos, são criadores, produtores e atores de sua história autonarrativa e, paralelamente, transitam nesse mundo dotado de profunda ambivalência e solidão, em busca de abrigos possíveis e estáveis. Pode estar sendo configurado um novo mandamento de re- lações, e não surpreende que novas instituições deem passagem a um novo paradigma e um novo coletivo de representações, com enorme potencial de invenção e criando um ambiente novo para a cidadania e para as cidades. É preciso pensar esses novos territórios existenciais por meio de uma reflexão do que é cidadania hoje. Cabe a pergunta: cidadão é só local ou ele é global? Podemos pensar que hoje nossas escolas são outras. A es- cola idealizada na sociedade industrial, pautada pelos ideais e compromissos da sociedade moderna, era configurada para fa- zer frente a métodos e atividades educativas com o propósito de responder ao projeto histórico da sociedade moderna e do Es- tado-nação. Como resultado, a escola era tida como verdadeira máquina de ensinar, com divisão por lugares fixos e individuais, a disciplina rígida com horários predeterminados e a vigilância constante de um professor em sala de aula, que impunha sua hierarquia e poder de obediência aos alunos. A escola foi uma das instituições de confinamento, assim como a fábrica, os hospi- tais e o seio do lar doméstico por onde se engendraram diversos moldes, corpos dóceis e úteis formatados para funcionar e pôr em funcionamento as engrenagens do capitalismo industrial: “À úl- tima pancada do relógio, um aluno baterá o sino, e, ao primeiro

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