Revista da EMERJ - V. 24 - N. 1 - Janeiro/Abril - 2022

27  R. EMERJ, Rio de Janeiro, v. 24, n. 1, p. 11-32, Jan.-Abr. 2022  continuam sendo confinadas, do seu significado e da sua ca- pacidade de doar identidade (BAUMAN, 1999, p. 24-25). O contexto da globalização 23 remete assim a um padrão de sociabilidade baseado no individualismo em perspectiva com uma nova noção de espaço e tempo. Com o quotidiano das pessoas atravessado por sistemas de comunicação interativos, os espaços se interpenetram a cada ins- tante e as comunicações nas cidades são redefinidas pela difusão dessa lógica da mobilidade. 4. OS VIRTUAL OFFICES COMO NOVOS MODOS DE INTE- RAGIR NAS CIDADES Com os avanços cada vez mais intensos em telecomunica- ções, o aparecimento de verdadeiras unidades de escritório au- tomatizadas em redes intensificou a concepção de empresa em unidades descentralizadas 24 . A organização do trabalho sob esse enfoque revolucionou a ideia de trabalho desenvolvido dentro das cidades em escritórios fisicamente localizados. Formando uma rede interativa com capacidade de se comunicar em tempo real, processar a informação, se comunicar e até tomar decisões de forma compartilhada, essas unidades descentralizadas favo- recem a ideia de deixar a empresa cada vez mais flexível, com contratos de trabalho também mais flexíveis. Segundo a Associação dos Centros de Negócio e Escritórios Virtuais (ANCNEV), o setor cresce, emmédia, 30% ao ano. Já são mais de 990 salas e cerca de 79 mil usuários em todo o Brasil. A 23 Zygmunt Bauman assina em seu livro Globalização: “A globalização tanto divide quanto une (...). Ser local nummundo globalizado é sinal de privação e degradação social. Os desconfortos da existência locali- zada compõem-se do fato de que, com os espaços públicos removidos para além do alcance da vida locali- zada, as localidades estão perdendo a capacidade de gerar e negociar sentidos (...)” (BAUMAN, 1999, p. 8). 24 O chamado “virtual office” oferece toda a estrutura de um escritório, sendo o pagamento para utilização feito em blocos de horas, sem exigências contratuais de fiança ou garantias dos contratos de locação con- vencional e com flexibilidade e sem o ônus de manter uma estrutura física ociosa em períodos de férias ou viagens. Já os coworkings são escritórios coletivos onde existe um rateio de todas as despesas, por um custo muito mais baixo, de toda a infraestrutura de um escritório convencional, só que pagando pelo tempo em que usar e usando quando quiser. A possibilidade de relacionamento também atrai o segmento, já que, no escritório compartilhado, os inquilinos são pequenos empresários ou recém-formados, e os espaços são compartilhados por outros inquilinos que compartilham cadeiras, mesas, internet, telefone, armários, ca- fezinho e ainda tem uma área externa para reuniões. Disponível <http://g1.globo.com/economia/pme/ noticia/2011/10/pequenos-empresarios-lucram-com-escritorios-virtuais-e-coletivos.html>

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