Revista da EMERJ - V. 24 - N. 1 - Janeiro/Abril - 2022

 R. EMERJ, Rio de Janeiro, v. 24, n. 1, p. 11-32, Jan.-Abr. 2022  20 de profissões e os espaços de representação. A erosão de direi- tos põe em questão formas de identidade construídas a partir do mundo do trabalho, colocando na ordem do dia a própria noção de cidadania, marcada por certas descontinuidades que se de- ram historicamente, fato apontado por Castells. O processo de degradação dos eixos que se constituíam nos pilares da sociedade salarial vem pondo em xeque modos de socialização e formas de integração com base no trabalho, vem revertendo identidades, filiações, formas de coesão e de solidariedade (CASTELLS, 2012, p.16). No Brasil, os movimentos sociais como “ 15M ”, “ Não vai ter copa ” e “ Vândalo é o Estado ” fizeram uso das mídias utilizando as redes sociais através de posts , tags , vídeos e mensagens de texto para convocar o povo às ruas e juntos se tornarem protagonistas de seus embates contra o status quo . Omovimento “15M” 13 organizou um ato público para o dia 15 de maio de 2014, citado como Dia Internacional de Lutas con- tra a Copa, ao qual compareceram cerca de 21 mil pessoas, dis- tribuídas em sete estados do país 14 . Essas comunidades virtuais se propõem a fazer denúncias sobre violações de direito e mau uso de dinheiro público. No caso da Copa do Mundo no Rio de Janeiro, a perda de popularidade desde o início dos protestos fez algumas empresas repensarem estratégias de eventos ligados ao torneio, temendo a repercussão dessas manifestações. Na chamada “Primavera Árabe”, também houve forte in- fluência das redes sociais na onda de protestos que eclodiu em 2011, nos quais milhares de egípcios foram protagonistas, com vídeos e postagens via Internet cobrindo as mobilizações no Oriente Médio. Wael Ghonim, executivo do Google, em entrevista à rede de TV americana CNN, afirma que o movimento da Primave- 13 O movimento do Brasil se espelhou no 15M que aconteceu na Espanha em 2011, organizado pela Inter- net para protestar contra a crise econômica e pedir a instalação de uma democracia mais participativa. O movimento mantém atividades de protestos até os dias de hoje. 14 Essa informação está disponível em: <http://brasil.estadao.com.br/noticias/geral, atos-contra-copa- -tem-baixa-adesao-mas-governo-federal-mantem-alerta,1167296>.