Revista da EMERJ - V. 24 - N. 1 - Janeiro/Abril - 2022
19 R. EMERJ, Rio de Janeiro, v. 24, n. 1, p. 11-32, Jan.-Abr. 2022 mas virtuais de financiamento coletivo, os patrocinadores são nominalmente identificáveis, sendo possível visualizar até o va- lor com que cada um contribuiu, se assim desejarem. 12 Muito embora o sistema legal brasileiro não admita “inter- mediários” advindos de espaços como esses para captação de recursos de campanhas eleitorais, o atual processo de doação permitido na forma legal advém de vultosas somas oriundas de empresas ligadas a grandes grupos econômicos. A concentração de doações para campanha eleitoral tem origem em grandes se- tores da economia do país, como indústria de alimentos, setor financeiro, empreiteiras e o setor de mineração. O montante de recursos por empreiteiras liderou o ranking de doações na cam- panha presidencial de 2014. Juntas, as construtoras contribuíram com quase R$ 300 milhões, ou 30% do total arrecadado. As novas tecnologias também trouxeram impactos nos pro- cessos de trabalho, desencadeando uma série de influências so- ciais que afetaram os trabalhadores, sendo, por isso, de grande colaboração analisar como isso está acontecendo atualmente. Castells (2013) situa esse debate no processo de transição histórica à medida que o progresso tecnológico de uma ativida- de para outra criaria, indubitavelmente, variações das estrutu- ras do trabalho. (...) essas tendências não se originam da lógica estrutural do paradigma informacional, mas são o resultado da reestru- turação atual das relações capital-trabalho, com a ajuda das poderosas ferramentas oferecidas pelas novas tecnologias da informação e facilitadas por uma nova forma organizacional, a empresa em rede (CASTELLS, 2013, p.345). Por certo, essa crise vem acompanhada de uma redefinição nas relações de trabalho, estatutos e regulamentos legitimadores 12 Gastos eleitorais de origem privada têm crescido num ritmo exponencial. Em 2002, os gastos declarados à Justiça Eleitoral por partidos e candidatos nas campanhas para deputado federal alcançaram R$ 189,6 milhões; em 2010, esse valor chegou ao montante de R$ 908,2 milhões, um crescimento de 479% em oito anos. Na mesma direção, as campanhas presidenciais, que custaram R$ 94 milhões em 2002, alcançaram a cifra de R$ 590 milhões em 2010, um crescimento de 627% em oito anos. Dados retirados da consultoria legislativa da Câmara dos Deputados Federais, fevereiro de 2014. Fonte: Disponível em: < http://www2. camara.leg.br/documentos-e-pesquisa/publicacoes/estnottec/tema3/2014_3.pdf >
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