Revista da EMERJ - V. 24 - N. 1 - Janeiro/Abril - 2022
13 R. EMERJ, Rio de Janeiro, v. 24, n. 1, p. 11-32, Jan.-Abr. 2022 porosidades e conceitos indeterminados gerados pelo universo organizado/desorganizado das cidades-redes-e-gov-mundo. O modelo tradicional e hierárquico de cidade já não atende ao cenário complexo e em constante transformação dos dias de hoje. A Administração Pública passa por uma série de insufici- ências e limitações para compreender o cenário que se forma de maneira desorganizada, dando margem à busca de novas formas e meios de se relacionar com os cidadãos/administrados. Nessa perspectiva, os espaços de atuação habilitados pelas redes sociais são tidos como poder de intervenção, reflexão e interconexão de relações sociais, políticas, econômicas e nas relações de trabalho. A hipótese que norteia o estudo é a de que o atual conjunto desses espaços define os contornos de uma reconfiguração em diversas esferas da sociedade: na própria política das cidades, nos espaços de representação, na forma como o coletivo se rela- ciona nas cidades, nas relações de trabalho, na economia com- partilhada, colocando a questão do coletivo em um novo registro de esfera pública. Acidadania trabalhada no contexto das redes e numa cultura mediada por relações virtuais traz ummarco analí- tico de novo tipo, dando-nos pistas de que a cidadania está se re- configurando em suas bases, abrindo caminho para percepções de um novo protagonismo social. As redes 1 e mídias sociais proporcionaram o surgimento e a visibilidade de novos grupos e arranjos sociais. Uma nova di- nâmica parece conceber um conceito de coletivo ressignificado, refletido como poder de intervenção e criação, produzindo nas práticas sociais novas formas de sentir, pensar, interagir e se re- lacionar, dando espaço para outras formas de experiência. Num universo de várias e novas narrativas, imagens e relatos, o rápido desenvolvimento concebido por essas redes de comunicação ampliou a dimensão das relações e das práticas sociais, possi- bilitando vínculos entre pessoas e organizações cuja comunica- ção passa a ser estabelecida por meio de outros referenciais de 1 “Uma rede é um conjunto de nós interconectados. A formação de redes é uma prática humana muito antiga, mas as redes ganharam vida nova em nosso tempo, transformando-se em redes de informação energizadas pela Internet” (CASTELLS, 2003, p. 7).
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