Revista da EMERJ - V. 23 - N. 3 - Setembro/Dezembro - 2021
R. EMERJ, Rio de Janeiro, v. 23, n. 3, p. 110-145, Set.-Dez. 2021 114 dos governos brasileiros, desde a pré-crise de 2014 até os dias atuais, para a compreensão mínima da crise político-econômica. No período pré-crise de 2014, o governo Lula (2003-2010) foi marcado pela manutenção da estabilidade econômica, reto- mada do crescimento do país e redução da pobreza e da desi- gualdade social (FAGNANI, 2011). O governo registrou cresci- mento de 32,62% do PIB, média anual de 4%, e 23,05% da renda per capita, média anual de 2,8% (BANCO MUNDIAL, c2019). O presidente Lula assumiu a presidência com a inflação anual em 12,53% e a entregou a 5,90%, mas com altas taxas de juros (RE- CORD, c2019). A política social do governo Lula foi marcada pelo Bolsa Família (programa de redistribuição de renda para famílias po- bres, que reformulou e ampliou o Programa Bolsa Escola do go- verno FHC), pelo “Fome Zero” e o “Primeiro Emprego”. Mesmo com o relativo avanço social, o governo Lula foi marcado negativamente pela corrupção, como o escândalo do “Mensalão”, com a Ação Penal 470 no STF. 1 Ademais, a busca em sediar grandiosos eventos esportivos (Olimpíadas e Copa do Mundo) gerou bastante controvérsia sobre os pre- juízos e legados, diante da necessidade progressiva de in- vestimentos sociais e em infraestrutura para o crescimento econômico do país. Se antes o governo Lula fora beneficiado com o boom das commodities para o grande crescimento econômico e o consequen- te surgimento da nova classe média, o governo Dilma Rousseff (2011-2016) foi marcado pela baixa dos seus preços no mercado externo, atingindo as exportações brasileiras e reduzindo a en- trada de capital estrangeiro no país (CARVALHO, 2018). No âmbito interno, a “nova matriz econômica”, baseada em redução da taxa de juros, desvalorização do real, elevação 1 O processo do “Mensalão”, originado da compra de votos de parlamentares em projetos de interesse do governo ( v.g. Reforma da Previdência), envolveu o julgamento de 38 réus, tais como o ex-ministro-chefe da Casa Civil, o ex-presidente da Câmara dos Deputados e deputados federais, pelos crimes de corrupção ativa, corrupção passiva, evasão de divisas, formação de quadrilha, peculato, lavagem de dinheiro e gestão fraudulenta.
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