Revista da EMERJ - V. 23 - N. 1 - Janeiro/Março - 2021
R. EMERJ, Rio de Janeiro, v. 23, n. 1, p. 45-67, Jan.-Mar. 2021 55 à verdade e à transparência, discutindo a preferência por um modelo de autorregulação (por muitos referenciada como neti- quette ), corregulação – v.g. com aprovação de códigos de condu- ta inter pares – ou heterorregulação ou, ainda, a da assunção de um modelo cumulativo. Muitos são os que alertam para o facto de a economia de- pender fortemente da informação – e sobretudo da informação personalizada que permita ao mercado actuar de forma cada vez mais precisa. É aliás provavelmente nessa sede que surge como mais evidente a intersecção com a evidência de que já se falou: a informação como mercadoria, nesse caso paredes meia com a ideia da regulação dos serviços da sociedade da informação como incluindo o comércio electrónico 32 . “É evidente que a crença na virtude da informação livre é mais profunda do lado liberal, porque se ajusta à institucionali- dade da democracia representativa. Assim, os media devem ser um dos mecanismos de escrutínio dos representantes políticos, colocando no domínio público tudo o que cabe na relação en- tre a sociedade o Estado. Ou seja, contrabalançando o potencial opressor dos Estados através da desocultação e da publicitação em nome do interesse público, de modo a capacitar o cidadão para avaliar e decidir (…).” 33 No entanto, “o ideal democrático requer não apenas um público informado, mas também que o debate dos assuntos de importância pública seja aberto a uma pluralidade de vozes e perspectivas (…). Desse ponto de vista, a deliberação política deve incluir formas de debate e reflexão alargadas e transparentes no espaço público mediático” 34 . É que, hodiernamente, mais do que instância de mediação, os media vão muito para além do papel de produção de informações, para se tornarem actores cuja presença e características têm implicações na própria configuração dos vértices da política e da cidadania. 32 Nesse sentido específico, vejam-se B.D. L oader , “The governance of cyberspace. Politics, technology and global restructuring”, in B. D. Loader (ed.), The Governance of Cyberspace , 1997, Londres: Routledge, pp. 1-19, J. Slevin, The Internet and Society , 2000, Oxford: Polity Press, pp. 1-10 e pp. 214-235. 33 J osé R icardo C arvalheiro , “O triângulo bloqueado: media, política e cidadãos na democracia local”, UBI/ LabCom, disponível online em http://bocc.ubi.pt, Biblioteca online de Ciências da Comunicação, p. 5. 34 Idem , op. cit., p. 6.
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