Revista da EMERJ - V. 22 - N.3 - Setembro/Dezembro - 2020
R. EMERJ, Rio de Janeiro,v. 22, n. 3, p. 134-148, Setembro-Dezembro. 2020 144 de todos os problemas. Daí decorre a distorção ética, baseada na célebre frase de Maquiavel “Os fins justificam os meios”. O com- bate à corrupção se faz nos primórdios da vida humana. Pelo ensinamento de Levinas, é essencial que a educação parta do princípio de se inserir o SER como figura principal das relações, relegando o TER (materialismo) a uma dimensão de menor importância social. É bem verdade que não é preciso uma linguagem única 14 , padronizada e fechada, com o fim de implementar uma educa- ção que objetiva coibir atos de corrupção. Por certo, deve ela ba- sear-se no SER, e não no TER. Essa formação ética de Levinas en- contra reforço em Kant, que constrói sua noção de ética com base no respeito ao outro. Nesse contexto, poderíamos considerar as pessoas como o fim , e não como o meio para obter-se o desejado. CONSIDERAÇÕES FINAIS Não se pode desconsiderar que a humanidade é repleta de paixões, sentimentos, atitudes e características próprias. De igual modo, é viável admitir a possibilidade de agregar valores, por força de um processo educacional, que permitam sobrelevar a consideração pelo OUTRO com o complemento do EU, segundo a visão de alteridade de Levinas. O principal caminho para se atingir metas significativas de redução da corrupção está na forma de pensar. Dessa forma, urge atingir um consenso da sociedade sobre tal necessidade, para ,logo a seguir (muito logo), programarem-se ações que induzam a um comportamento ético, munidas de sanções com caráter pedagógi- co , e não somente punitivo. A punibilidade deve ser visível aos olhos da sociedade, e não somente a figura do transgressor. Para a mudança de valores, é preciso que a sociedade siga um pensamento cosmopolitista 15 . Demócrito de Abdera, filoso- 14 Uma linguagem única gera uma ilusão, Goethe explica que “A linguagem simbólica da Doutrina das Cores faz parte dessa ilusão de que poderíamos ter uma linguagem única sobre as cores. Se ela é opaca, isso não impede que almeje uma transparência, uma universalidade”. GOETHE, Johann Wolfgang von. Doutrina das Cores. Tradução Marco Giannotti. São Paulo: Nova Alexandria. 1993. 25p. 15 “Cosmopolitismo caracteriza-se por ser um pensamento filosófico que despreza fronteiras geográficas impostas pela sociedade, considerando que a humanidade segue as leis do universo”. BALBÉ, Josiane
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