Revista da EMERJ - V. 22 - N.3 - Setembro/Dezembro - 2020
R. EMERJ, Rio de Janeiro,v. 22, n. 3, p. 134-148, Setembro-Dezembro. 2020 142 Dan Ariely, cientista comportamental, detectou o quão nocivas podem ser as corrupções em microescala. O teste consistia em responder a uma série de problemas matemáticos, e cada acerto era premiado com um dólar. As pessoas que participavam do teste após responder ao requerido contavam quantos acertos ha- viam feito e colocavam em um triturador a folha do teste. O que não sabiam era que o equipamento triturava apenas as bordas da folha, mantendo intacta a parte de que constavam as respostas. Nessa pesquisa , Dan Ariely verificou que 20 pessoas men- tiram dizendo que haviam acertado todas as questões; elas custa- ram à pesquisa 400 dólares. As demais pessoas, 28.000, mentiram que haviam acertado um pouco mais do que realmente haviam conseguido e custaram US$ 50.000,00. Bobbio , quando trata da corrupção política, afirma que muito dela vem da falta de amor pela coisa pública. 11 Levinas dirá que vem da falta de amor pelo Outro. 4. (DES)CONECTANDO A CORRUPÇÃO AO DIREITO HU- MANO: EDUCAÇÃO ADeclaração Universal dos Direitos do Homem (DUDH), aprovada em 10 de dezembro de 1948, por quarenta e oito dos cinquenta e seis Estados representados na Assembleia Geral das Nações Unidas, é composta por trinta artigos, que tratam dos direitos fundamentais dos seres humanos. Um deles, o ar- tigo 26.1 , trata da educação e preceitua: “Todas as pessoas têm direito à educação. A educação deve ser gratuita, pelo menos a correspondente ao ensino elementar fundamental. O ensino elementar é obrigatório”. Para que se implemente a educação na sua totalidade, devem ser desenvolvidas as habilidades do educando, consi- derando como referência a vida humana. A educação precisa estar conectada ao outro. De nada adianta conceitos e informa- ções frias e vagas; é necessário que essas informações passem 11 Norberto Bobbio relata no livro O futuro da democracia, que “o reino da virtude é a própria democracia, que, entendendo a virtude como amor pela coisa pública (...)”. BOBBIO, Norberto. O futuro da democracia. Tradução Marco Aurélio Nogueira. São Paulo: Paz e Terra S.A., 2000. p.44
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