Revista da EMERJ - V. 22 - N.3 - Setembro/Dezembro - 2020

 R. EMERJ, Rio de Janeiro,v. 22, n. 3, p. 134-148, Setembro-Dezembro. 2020  140 A corrupção é inerente do homem ou o homem sofre in- fluência do meio? O que o torna corruptível? Os naturalistas, como Empédocles, Demócrito, Epicuro, Lucrécio, Darwin e Provine, entendem que o meio corrompe o homem, e que este não é essencialmente mau. Servem as pala- vras de Eckermann para demonstrar o pensamento naturalista de forma poética: Logo que um poeta quer atuar como político, tem de se filiar a um partido e então está perdido como poeta; há que renunciar à liberdade de espírito, à independência de visão, e, terá de meter na cabeça até às orelhas, o bar- rete da intolerância e do ódio cego 7 . Ao contrário, a fábula do sapo e do escorpião ilustra a essên- cia humana, que conduz a corrupção; o mal nasce com o homem. Na fábula, havia um enorme incêndio na floresta, os ani- mais tentavam escapar a todo custo. Em certo momento, se de- pararam com um rio, e os animais que sabiam nadar atravessa- ram o curso d’água e se salvaram. Aqueles que não tinham tal habilidade permaneceram na beira do rio em desespero. Entre esses animais, lá estava o escorpião, que pediu ao sapo que lhe ajudasse a fugir da morte horrenda. O sapo negou-se, pois temia que o escorpião lhe desse uma ferroada. Ante a negativa, o es- corpião prometeu que não o faria e argumentou que isso iria ge- rar também sua própria morte. O sapo , convencido pela retórica do escorpião, resolveu ajudá-lo na travessia. Quando estavam na metade do rio, o sapo sentiu uma imensa ferroada. Olhou para o escorpião e perguntou: Por quê? O escorpião respondeu: sei que vamos morrer, mas o que acabo de fazer é de minha natureza. 3. UM PASSEIO PELA SUPERFÍCIE DO IMPACTO DA COR- RUPÇÃO SOBRE OS DIREITOS HUMANOS Recentes pesquisas demonstram a preocupação de boa par- te da população brasileira com a problemática da corrupção e 7 ECKERMANN, Johann Peter. Conversações com Goethe – 1823-1832. Tradução Marina Leivas Bastian Pinto. Rio de Janeiro: Irmãos Pongetti Editores. 1950. p.365.

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