Revista da EMERJ - V. 22 - N.1 - Janeiro/Março - 2020
R. EMERJ, Rio de Janeiro, v. 22, n. 1, p. 249 - 283, Janeiro-Março. 2020 277 a cabo pelo caráter dinâmico das instituições sociais modernas. O conceito de risco substitui o de fortuna, mas isso não porque os agentes nos tempos pré-modernos não pudessem distinguir entre risco e perigo. Isso representa, pelo contrário, uma altera- ção na percepção da determinação e da contingência , de forma que os imperativos morais humanos, as causas naturais e o acaso passam a reinar no lugar das cosmologias religiosas. A ideia de acaso, em seus sentidos modernos, emerge ao mesmo tempo que a de risco; 7) Apesar de diretamente relacionados, perigo e risco não significam a mesma coisa. “O que o risco pressupõe é preci- samente o perigo, não necessariamente a consciência do perigo, ou seja, qualquer um que assume um “risco calculado” está cons- ciente da ameaça ou ameaças que uma linha de ação específica pode pôr em jogo”. O que não impede que os indivíduos estejam expostos a circunstâncias muito arriscadas sem que tenham cons- ciência do risco que estão correndo 57 ; 8) “Risco e confiança se entrelaçam, a confiança normalmente servindo para reduzir ou minimizar os perigos aos quais estão sujeitos tipos específicos de atividade.” Em casos em que os riscos são institucionalizados, usualmente, a destreza e as contingências estão previstos, sob ris- co calculado. Assim, por exemplo, “As pessoas envolvidas com o funcionamento das linhas aéreas respondem a isso demonstran- do estatisticamente o quão baixos são os riscos da viagem aérea, conforme medidos pelo número de mortes por mil passageiros” (GIDDENS, 1991, p.37); 9) “O risco não é apenas uma questão de ação individual. Existem «ambientes de risco› que afetam coletivamente grandes massas de indivíduos”. A “segurança” se estabelece quando certa ocorrência tem seus perigos reduzidos ou anulados. “Aexperiência de segurança baseia-se geralmente num equilíbrio de confiança e risco aceitável. Tanto em seu sentido factual quanto em seu sentido experimental, quer atingindo individual ou coletivamente determinado grupo, podendo “até incluir a segurança global; 10) A desconfiança não é o oposto da confiança. 58 57 Ibid.p.37 58 Ibid.p.37-38.
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