Revista da EMERJ - V. 22 - N.1 - Janeiro/Março - 2020
R. EMERJ, Rio de Janeiro, v. 22, n. 1, p. 249 - 283, Janeiro-Março. 2020 276 confiança como a crença se referem às expectativas que podem ser frustradas ou desencorajadas (1991, p. 32-33). 55 Giddens sugere conceituar a confiança em itens assim corre- lacionados: 1) “Aconfiança está relacionada à ausência no tempo e no espaço. ” Não seria necessário confiar em alguém que se ocupa a exercer atividades cujas etapas de execução fossem totalmente conhecidas e entendidas. A confiança é «um dispositivo para se lidar com a liberdade dos outros», ao qual o indivíduo se submete não por falta de poder, mas por falta de conhecimento técnico pleno; 2) “A confiança está basicamente vinculada, não ao risco, mas à contingência. ” Para que se estabeleça confiança é necessá- rio que o indivíduo desenvolva probidade ou amor. “É por isto que a confiança em pessoas é psicologicamente consequente para o indivíduo que confia 56 ; 3) A confiança não é o mesmo que fé na credibilidade de uma pessoa ou sistema; ela é o que deriva desta fé. ” A confiança é a união de fé e crença, distinguindo-se do “conhecimento indutivo fraco”, que constitui uma crença jus- tificada por algum tipo de domínio dos acontecimentos. “Toda confiança é num certo sentido confiança cega; 4) O que se esta- belece em relação às fichas simbólicas ou aos sistemas peritos se relaciona com a fé na probidade dos especialistas na execução dos seus procedimentos técnicos. A confiança em pessoas, é claro, é sempre relevante em certo grau para a fé em sistemas, mas diz mais respeito, antes, ao seu funcionamento apropriado do que à sua operação enquanto tal; 5) A confiança pode ser definida como crença na credibilidade de uma pessoa ou sistema, tendo em vista um dado conjunto de resultados ou eventos, em que essa crença expressa uma fé na probidade ou amor de um outro, ou na cor- reção de princípios abstratos; 6) Na modernidade, identifica-se a confiança nos seguintes contextos: (a) a consciência geral de que a atividade humana, incluindo nesta expressão o impacto da tec- nologia sobre o mundo material, é criada socialmente, e não dada pela natureza das coisas ou por influência divina; (b) o escopo transformativo amplamente aumentado da ação humana, levado 55 Ibid.p.32-33. 56 Ibid.p. 35.
Made with FlippingBook
RkJQdWJsaXNoZXIy NTgyODMz