Revista da EMERJ - V. 22 - N.1 - Janeiro/Março - 2020

 R. EMERJ, Rio de Janeiro, v. 22, n. 1, p. 249 - 283, Janeiro-Março. 2020  252 tiva é de que o consumo de matéria-prima chegue entre 170 e 184 bilhões de toneladas até 2050. Esse nível crescente de uso de ma- teria-prima ou comodities demarca uma crescente urbanização, que demanda por habitação, alimentos e bens de consumo, o que só irá crescer nos próximos anos. Segundo estimativas da ONU, a população urbanizada cresceu de 14% no início do século para 54%, no final so século XX. A previsão é de que a população dos grandes centros urbanos represente 66% da população mundial até 2050. Esse ciclo de crescimento industrializado com mais ur- banização, consumo e maior extração de recursos naturais colo- cou tremenda pressão sobre o meio ambiente, que já perdeu 30% da sua capacidade de resiliência natural . 2 Portanto, as cidades precisam de novas formas de lidar com o desperdício, pois os níveis atuais de consumo estão gerando valores sem precedentes de resíduos, que exacerbam o impacto ambiental negativo e efeitos do aumento da extração. As fases da montagem, os processos de extração e fabricação dos produtos consomem grandes volumes de água e energia. Estima-se que mais de dois terços da energia do mundo é consumida nas cida- des, o que representa mais de 70% das emissões globais de CO 2 . As cidades são os locais onde as maiores quantidades de resídu- os são geradas, em torno de 1,3 bilhão de toneladas de resíduos por ano, o que se traduziu numa média de 1,2 quilogramas por pessoa por dia, segundo dados levantados pelo Banco Mundial em 2012. A estimativa é de que, nesse ritmo, as cidades passem a gerar até 2,2 bilhões de toneladas até 2025. Esse resíduos tra- dicionais, combinados a práticas de manejo e descarte, resultam em aterros sanitários, emissão de gases ou poluição do meio am- biente. Dessa forma, é imperativa a necessidade de se adotar um método mais viável de produção e consumo na cadeia de valor global para aliviar o ônus dos resíduos nas áreas urbanas. 3 Nesse contexto, insere-se a abordagem da economia circu- lar, que visa a reformular metodologias para o crescimento urba- no e redução da extração de recursos naturais. A intenção é criar 2 Capacidade de resiliência- capacidade do bioma se autorecuperar da exploração natural. Ibid. p. 02 3 Ibid. p. 02-03.

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