Revista da EMERJ - V. 21 - N. 3 - Setembro/Dezembro - 2019 - Tomo 2
R. EMERJ, Rio de Janeiro, v. 21, n. 3, t. 2, p. 339-343, set.-dez., 2019 340 TOMO 2 Que conversas com elas? Que sentido Tem o que dizem, quando estão contigo?” E eu vos direi: “Amai para entendê-las! Pois só quem ama pode ter ouvido Capaz de ouvir e de entender estrelas. Logo em seguida, segue para a Europa, onde convive, em Paris, com Eça de Queiroz. Ao retornar ao Brasil, Bilac se engaja em discussões políticas. Em 1891, o Marechal Floriano Peixoto assume o poder, destituindo o também militar Deodoro da Fonseca, primeiro presidente da nascente república brasileira. Bilac, com outros antiflorianistas, funda o jornal O Combate, para fazer oposição ao novo governo. Em 9 de março de 1892, no auge desse embate político, Bilac, por meio de seu periódico, critica, asperamente, o escritor Raul Pompeia (1863- 1895), por este ter aceito o cargo de professor de mitologia na Escola de Belas Artes, sob o comando do governo de Floriano Peixoto. Depois, Pompeia chega a ser empossado como diretor da Biblioteca Nacional. A política brasileira vive de emoções. Isso vem de longe. Floriano Peixoto, militar e herói da Guerra do Paraguai, assumiu, em 1891, a vice- -presidência de Deodoro da Fonseca, o primeiro presidente da república que acabara de nascer. Deodoro, por sua vez, também militar – recebeu a patente de Marechal –, era, no fim do império, possivelmente a maior lide- rança no exército. Na época, a eleição se dava de forma indireta. Votavam apenas os congressistas e poderia haver presidente e vice-presidente de chapas diferentes. Foi o que ocorreu com Deodoro e Floriano, rivais, que pertenciam a grupos políticos distintos. Pouco tempo depois de assumirem seus cargos, em um período con- turbado também economicamente, mas ainda naquele mesmo ano de 1891, Deodoro é pressionado a renunciar seu cargo, em conspiração da qual parti- cipa o vice Floriano. Em 23 de novembro de 1891, Deodoro cai e Floriano – que viria a ser alcunhado de “OMarechal de Ferro” pela forma como reagiu às rebeliões que enfrentou em seu governo – assume o poder. Naquele momento, ninguém poderia ficar indiferente aos temas po- líticos. Com o fim do império, o sentimento cívico aflorou. A república, por sua vez, chegou, com intrigas e traições, num estado frágil, despertan-
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