Revista da EMERJ - V. 21 - N. 3 - Setembro/Dezembro - 2019 - Tomo 2

339  R. EMERJ, Rio de Janeiro, v. 21, n. 3, t. 2, p. 339-343, set.-dez., 2019  TOMO 2 O Dia em que a Mediação Salvou a Literatura José Roberto de Castro Neves Doutor em Direito Civil pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Mestre em Direito pela Uni- versidade de Cambridge, Inglaterra. Professor de Direito Civil da Pontifícia Universidade Católica (PUC-Rio) e da Fundação Getúlio Vargas. Advogado. Olavo Brás Martins dos Guimarães Bilac (1865-1918) nasceu pre- destinado. Seu nome forma um perfeito verso alexandrino, composto de doze sílabas (O-la-vo -Brás -Mar-tins -dos -Gui-ma-rães -Bi-lac), selando a sua vocação. Embora tenha frequentado os cursos de Medicina e de Direito (prestigiada faculdade do Largo de São Francisco, em São Paulo), não concluiu nenhum deles. Sua paixão sempre foram as letras. Assim, abandonou os estudos para se dedicar ao jornalismo – e às rodas boêmias do Rio de Janeiro de então. Embora estrábico e feioso, Olavo Bilac era dono de uma memória prodigiosa. Além de um exímio contador de histórias, sabia proclamar um sem-fim de poemas de cor. Seus contemporâneos reconheciam nele o dom da sedução. Ainda jovem, lança seu primeiro livro de poesias, em 1888, pelo qual recebe pronto reconhecimento. Nele, qualifica a língua portuguesa de “Última flor do Lácio, inculta e bela”. Naquele mesmo ano, apresenta “Via Láctea”: Ora (direis) ouvir estrelas! Certo Perdeste o senso!” E eu vos direi, no entanto, Que, para ouvi-las, muita vez desperto E abro as janelas, pálido de espanto… E conversamos toda a noite, enquanto A via-láctea, como um pálio aberto, Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto, Inda as procuro pelo céu deserto. Direis agora: “Tresloucado amigo!

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