Revista da EMERJ - V. 21 - N. 3 - Setembro/Dezembro - 2019 - Tomo 2
529 R. EMERJ, Rio de Janeiro, v. 21, n. 3, t. 2, p. 494-555, set.-dez., 2019 TOMO 2 th Thatcher, Ronald Reagan e, mais recentemente, de George W. Bush. A propósito, Thatcher tentou encerrar uma áspera discussão travada no Partido Conservador inglês batendo um exemplar de “ The Constitution of Liberty” na mesa e exclamando “É nisto que acreditamos!”. 54 No início da sua vida universitária, Hayek viu-se indeciso entre as carreiras de economista e de psicólogo. Optou pela primeira, trilhando uma trajetória brilhante, que lhe rendeu postos destacados nos princi- pais centros de estudos acadêmicos da liberdade individual, como, v.g., na Universidade de Viena (1929), na London School of Economics (1931), e nas Universidades de Chicago (1950), de Freiburg im Breisgau (1962), e de Salzburgo (1968); além de ter recebido o Prêmio Nobel de Economia em 1974, dividido, curiosamente, com Gunnar Myrdal , cujo pensamento colide frontalmente com o de Hayek. No campo da teoria econômica, publicou dezenas de obras, dentre as quais se destacam “ Monetary Theory and the Trade Cycle ” (1929), “ Prices and Production ” (1931), “ General Theory of Employment, Interest, and Money ” (1936), e “ The Pure Theory of Capital ” (1941), tendo se afirmado como um dos principais críticos de John Maynard Keynes . Nesse particular, cumpre destacar a sua visão de que “o legado da teoria keynesiana – o diagnóstico equivocado do desemprego, o temor em relação à poupança e a injustificada fé na intervenção governamental - in- fluenciou negativamente nas ideias básicas dos elaboradores das políticas econômicas durante mais de uma geração” (especialmente dos anos trinta ao início da década de sessenta). Tal crítica contundente ao pensamento hegemônico de Keynes levou Hayek ao ostracismo, só se verificando a sua reabilitação nos anos setenta, com o avanço da inflação e o resgate do liberalismo econômico. 55 54 FESER, Edward. Introduction. In: The Cambridge Companion to Hayek . FESER, Edward (ed.) Cambridge: Cambridge University Press, 2006, p. 1. 55 MAKSOUD, Henry. Uma Introdução às Obras de F. A. Hayek. Os Fundamentos da Liberdade . Trad.: Anna Maria Capovilla e José Ítalo Stelle. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 1983, p. 16/17. Confira-se a dura crítica de Hayek a Keynes e seus discípulos: “A principal causa dos nossos atuais problemas monetários é, certamente, a sanção de autoridade científica dada por Lord Keynes e seus discípulos à velha superstição de que aumentando o agregado dos gastos monetários se poderá assegurar a prosperidade duradoura e o pleno emprego. É uma superstição contra a qual lutaram os economistas antes de Keynes durante pelo menos dois séculos. Foi John Maynard Keynes, um homem de grande intelecto, porém de limitados conhecimentos sobre teoria econômica, quem afinal conseguiu reabilitar a velha manivela enrustida com a qual ele abertamente simpatizava ... De uma certa forma, porém, é algo injusto culpar demais Lord Keynes por tudo que decorreu após a sua morte. Estou seguro de que ele seria - não obstante tudo o que disse anteriormente – um líder na luta contra a inflação ... Espero que alguém, algum dia, escreva a história do inflacionismo
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