Direito em Movimento - Volume 20 - Número 1 - 1º semestre - 2022

139 ARTIGOS Direito em Movimento, Rio de Janeiro, v. 20 - n. 1, p. 120-142, 1º sem. 2022 cução entre as universidades, os operadores do Direito, as Equipes Técnicas do Judiciário, os grupos de apoio à adoção e as associações de filhos adotivos. No entanto, parece-nos essencial destacar também as particularidades da configuração da tríade adotiva, que envolve inequivocamente o filho, a família adotiva e a família biológica, atravessados necessariamente pelo Po- der Judiciário, que obrigatoriamente precisa intervir na efetivação da ado- ção. Observamos que a maior parte dos trabalhos sobre a adoção enfoca exclusivamente a perspectiva das famílias adotivas ou dos adotados, sendo escassas as publicações em que a família biológica é também incluída.Assim, acreditamos ter sido importante neste trabalho a inclusão dos três vértices da tríade adotiva, viabilizando uma compreensão sistêmica sobre o fenôme- no. No entanto, por se tratar de um caso único, alertamos sobre o risco de generalizações, cabendo a análise das especificidades em cada caso concreto. O aprofundamento dos estudos acerca do direito às origens mostra- se essencial, visto que o assunto ainda carrega um significado de tabu. Por fim, enfatizamos a necessidade de ampliação do debate sobre a temática do direito às origens e o contato pós-adoção, ouvindo mais pessoas que passa- ram por essa experiência e buscando traçar um panorama das práticas que se mostrem úteis para lidar com a situação. Entendemos que a postura de abordar o tema com naturalidade exagerada ou, no outro extremo, de enxer- gá-lo como um tabu, pode colocar todos em situações de vulnerabilidade. Assim, ressaltamos mais uma vez a urgência de estudos brasileiros sobre a questão da busca às origens, de modo a aumentar sua visibilidade e aprofun- dar a compreensão sob os aspectos legais, psicológicos e sociais envolvidos. REFERÊNCIAS ANZIEU, Didier. O grupo e o Inconsciente: o imaginário grupal, São Paulo: Casa do Psicólogo,1993. BENGHOZI, Pierre. Traumatismos precoces da criança e transmissão genea- lógica em situação de crises e catástrofes humanitárias: desemalhar e reemalhar continentes genealógicos familiares e comunitários. In: CORREA,Olga. (Org.). Os avatares da transmissão psíquica geracional São Paulo: Escuta, 2001. p.89-100.

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