Direito em Movimento - Volume 19 - Número 2 - 2º semestre - 2021
257 ARTIGOS Direito em Movimento, Rio de Janeiro, v. 19 - n. 2, p. 237-260, 2º sem. 2021 de madeira, porque ele está todo cheio de cupim. Eu não quis mexer em troço velho, preferi pagar.” 13 Atenção, a problemática identificada por Graça Aranha no início do século XX, sobre a dificuldade de medição e demarcação das terras, produz seus efeitos maléficos até os dias atuais. Haja vista o prejuízo descrito pela cidadã. No ponto anterior, foi mencionado que o imóvel que ela ocupa, em que uma casa foi edificada, não foi medido de maneira precisa. Portanto, registrado abaixo da metragem que efetivamente existia, o que ocasionou dificuldades burocráticas para realizar a partilha entre os coproprietários. CONCLUSÃO Diante de tudo o que foi aqui apresentado, constatamos que a obra realista escrita por Graça Aranha no início do século passado, denominada de Canaã, identifica questões culturais de ocupação do espaço territorial capixaba. Apesar de não estarem bem definidos conceitos de posse, pro- priedade, demarcação e registro, estes estão presentes no interior da obra. A dificuldade na demarcação e no registro das terras ficou evidente nos trechos aqui em destaque, que repercutem até os dias atuais em relação à aquisição da propriedade dos bens imóveis. Tal fato acarreta vários pre- juízos aos cidadãos, que necessitam desembolsar alta quantia em dinheiro para ocupar suas terras, ou simplesmente entrar com vários procedimentos judiciais e extrajudiciais para ter a propriedade de forma exclusiva. BIBLIOGRAFIA ARANHA. Graça. Canaã . 6ª ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1982. BERNARDINA, Milena Dalla. A Via Crucis do Cidadão Capixaba: He- rança e Propriedade. Rio de Janeiro: UVA, 2019. BRASIL. Presidência da República. Casa Civil. Lei nº 10.406 de 10 de janeiro de 2002. Código Civil. Brasília, DF, 2002. Disponível em: http:// 13 Entrevista realizada na casa da cidadã no dia 30 de agosto de 2018.
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