Direito em Movimento - Volume 19 - Número 1 - 1º semestre - 2021

217 ARTIGOS Direito em Movimento, Rio de Janeiro, v. 19 - n. 1, p. 205-239, 1º sem. 2021 deve atuar em conjunto com a preocupação do dever do homem para com a sociedade e com o meio no qual ele é inserido. 1.4. Ética Kantiana Aristóteles busca a ecta racio , a inteligência humana baseada no em- pírico, no concreto, em buscar a natureza humana, através da felicidade. É a ética eudaimônica, a ética na busca da felicidade. O ponto de referência modifica a consciência, passando a analisar o sujeito. O que interessa é a forma como este mundo físico aparece para o sujeito, concepções que ficam conhecidas como crítica do conhecimento. O paradigma da filosofia passa a ser aceito pela ciência, o método da ciência substitui a metafísica, tendo em vista que a ciência pode ser comprovada, e questões metafísicas não possuíam respostas satisfatórias (por exemplo, a pergunta “o que é Deus?”). Kant diz que o único caminho de acesso ao que é a ética seria o cha- mado a priori (que pode ser compreendido como universal, transcendental), que surge independentemente da razão prática ( posteriori ). Assim como as leis da natureza são classificadas como juízos sintéticos a priori , universais, independentes de quem realiza o ato (exemplo: a lei da gravidade inde- pendentemente de quem soltar um objeto, este sempre será atraído pelo campo gravitacional), são necessárias para fazerem o conhecimento evoluir. A razão deve analisar as ações humanas a partir da moral, posto que não é possível ter somente um conhecimento teórico e não prático da moral. Não é possível fazer conhecimentos morais de conteúdo, e sim construir uma ordem justa. Para Kant (2001), a razão deve criar leis morais objetivas, que possam ser aplicadas a qualquer ser racional. Os juízos procedimentais são os chamados imperativos categóricos. Formulação a partir do imperativo: agir de tal maneira que o ser alcance uma justiça universal, nunca o tratando como um meio, e sim como um fim. A ética deontológica, ou a ética do dever, defende que o critério su- premo da moral não pode derivar da experiência, e sim existir a partir de si mesma, não de uma atitude exterior. O imperativo categórico, para Kant,

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