Direito em Movimento - Volume 18 - Número 3 - Edição Especial

254 Direito em Movimento, Rio de Janeiro, v. 18 - n. 3, p. 236-258, 2020 - Ed. Especial ARTIGOS Retomando Couto (2007, p. 124), apresentamos um breve comentá- rio acerca de cada MA: a) Meio Ambiente Natural (MAN): compreende o espaço físico, incluindo os aspectos geográficos, tais como a topografia, o clima, a vegetação, fauna, flora, os recursos minerais do solo, a base eco- nômica de sobrevivência humana; b) Meio Ambiente Mental (MAM): compõe os processos mentais que cada membro da comunidade opera no cérebro e é formado pelo homem e sua língua, suas crenças, seus hábitos e costumes internalizados; c) Meio Ambiente Social (MAS): formado pelos processos sociais que os membros da comunidade realizam no momen- to das interações sociocomunicativas. Esses MAs não são estanques; estão sempre em movimento e interagindo. Ao analisar o fenômeno linguístico, a Ecolinguística considera que esses três MAs se intercomplementam. Para que a língua cumpra sua função social, que é a interação, é ne- cessário haver o respeito ao outro, sobretudo em se tratando da linguagem, haja vista a relação do falante com o meio em que está inserido e com os de- mais falantes que vivem em comunhão. Se existisse comunhão, não haveria interação. Por isso, a Ecolinguística defende a harmonia e exclui qualquer conduta que desarmonize a natureza e a convivência entre homens e entre eles e o meio ambiente. Dessa forma, os direitos linguísticos encontram-se integrados aos princípios da Ecolinguística. CONSIDERAÇÕES FINAIS As minorias linguísticas constituem grupos que se comunicam em qualquer contexto, seja na interação na sociedade em que fazem parte, seja nos espaços públicos. Esses usos diferenciam os grupos sociais e as diversas formas de falar de uma comunidade e ainda da língua estatal. A língua não é apenas o sistema, é principalmente interação. Mas o fato de haver diferenças entre a língua falada pelas classes sociais menos favore- cidas e a língua das classes mais favorecidas não justifica nenhum tipo de exclusão ou preconceito, conforme ocorreu ao longo da história da língua portuguesa no Brasil. Da implantação do português no Brasil aos dias atuais, assistimos a um verdadeiro glotocídio, que resultou em violação aos

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