Direito em Movimento - Volume 18 - Número 2 - 2º semestre/2020
117 Direito em Movimento, Rio de Janeiro, v. 18 - n. 2, p. 108-135, 2º sem. 2020 ARTIGOS dimentada na rejeição ao divino, e com a biologia e as leituras darwinistas, também uma percepção específica de indivíduo, com todas as implicações teórico-metodológicas que isso significa. A RAFDR, nos 30 volumes pesquisados (dos 31 que foram editados em nosso recorte), publica um total de 586 artigos. Desses, 60 (cerca de 10%) são diretamente dedicados a divulgar temas e questões das “novas” ciências da época. Antropologia Criminal, Sociologia, Criminologia, Psi- quiatria,Medicina Legal, dentro outros. É o maior agrupamento temático da revista. Além disso, os autores da moda: Lombroso, Garofalo, Spencer, Franz von Liszt - suas proposições a abordagens aparecem citadas em ar- tigos dos mais variados temas, a sustentar a penetração desses e a função da revista como um veículo moderno de difusão e apropriação local de co- nhecimentos produzidos a nível internacional. Esse padrão se repete em toda nossa amostra. Dos 434 artigos publicados na RFDSP (espalhados por 27 volumes editados quase anualmente), 14% (ou 63 artigos) tratam explicitamente dessas novas disciplinas. Na RFLDRJ, 12% (dentre 100 artigos publicados nos 11 volumes pesquisados). Nos também 11 volumes publicados pela RFLDMG, 16% dos 109 artigos são exclusivamente vol- tados à discussão e divulgação de conceitos e ideias das “novas ciências”. Finalmente, na RFLDBA, 21% dos 62 artigos (em 6 volumes) corres- pondem a esse padrão. Esses dados reforçam essa consideração teórico- metodológica de pensar revistas (notadamente as especializadas) como difusores locais e produtores de conhecimento específico. É um indício de sua geografia imaginária. Seu espaço intelectual demonstra, na frequência dos autores, as co- nexões regionais e acadêmicas que se estabeleciam diretamente. Uma es- tratégia de pesquisa aqui é formar um mapa de redes de sociabilidade dos autores e tentar extrair daí algumas constâncias e divergências. Por redes de sociabilidade entenda-se a organização do campo intelectual em tor- no de sensibilidades ideológicas e culturais comuns, atravessado por rela- ções de amizade, vínculos regionais, relações familiares e pela posição de classe dentro da estrutura socioeconômica de uma determinada formação
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