Direito em Movimento - Volume 18 - Número 1 - 1º semestre/2020

62 Direito em Movimento, Rio de Janeiro, v. 18 - n. 1, p. 51-77, 1º sem. 2020 ARTIGOS quenos com o termo “ose!” (filho/ filha) […] Sao os membros da familia, tios, tias ou avos, que atribuem o apelido a crianca. […] Depois de algum tempo, outros brancos chegaram. […] Foram eles que me nomearam “Davi”, antes mesmo de os meus familiares me darem um apelido, conforme o costume dos nossos antigos. […] Fiquei com ele desde entao. Quando me tornei homem, outros brancos resolveram me dar um nome mais uma vez. Dessa vez, era o pessoal da Funai. Comecaram a me chamar de Davi “Xiriana”. Mas esse novo nome nao me agradou. “Xiriana” e como sao chamados os Ya- nomami que vivem no rio Uraricaa, muito distante de onde eu nasci. Eu nao sou um “Xiriana”. Minha lingua e diferente da dos que vivem naquele rio. Apesar disso, tive de mante-lo. […] Meu ultimo nome, Kopenawa, veio a mim muito mais tarde, quando me tornei mesmo um homem. Esse e um verdadeiro nome Yanomami. Nao e nem nome de crianca nem um ape- lido que outros me deram. Um nome que ganhei por conta propria. Na epoca, os garimpeiros tinham comecado a invadir nossa floresta. Tinham acabado de matar quatro grandes ho- mens Yanomami, la onde começam as terras altas, a mon- tante do rio Herou. A Funai me enviou para la para encontrar seus corpos na mata, no meio de todos aqueles garimpeiros, que bem teriam gostado de me matar tambem. Nao havia ninguem para me ajudar.Tive medo, mas minha raiva foi mais forte. Foi a partir de entao que passei a ter esse novo nome.” (KOPENAWA, 2015, pp. 70 e 71). Outro ponto relevante a mencionar, é o registro tardio de indígenas, tema dos mais importantes, que foi disciplinado no art. 4.° da Resolução Conjunta em análise, que estabeleceu as seguintes possibilidades:

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