Direito em Movimento - Volume 17 - Número 2 - 2º semestre/2019
41 Direito em Movimento, Rio de Janeiro, v. 17 - n. 2, p. 34-51, 2º sem. 2019 ARTIGOS de Andrada, entre outros, veremos como em suas posturas políticas, áreas como a educação e a assistência aos setores subalternos estão revestidos de elementos liberais e positivistas (MINAS GERAES, 1930). Assim, também, no transcorrer do século XIX, a Reforma Ultramonta- na foi encampada em Minas Gerais a partir do bispado de Mariana, gover- nado à época pelo lazarista Dom Antônio Ferreira Viçoso. Sua Congregação, a Missão, teve uma grande influência na cultura religiosa de Minas Gerais (ANDRADE, 2000). Na década da chamada “questão dos bispos”, Dom Vi- çoso estava ao lado dos clérigos insurgentes do Pará e de Pernambuco. Outro elemento que num primeiro momento poderia nos ser periférico, mas que tornou-se importante para a ambientação que estamos propondo, trata-se do fechamento de um jornal na cidade de Juiz de Fora, em 1882, tendo por motivo a publicação de um artigo crítico em relação à comemora- ção do centenário de falecimento do marquês de Pombal. A ideia transmitida pelo autor do artigo é a de que Pombal teria sido o responsável pelo descrédi- to pelo qual o catolicismo estaria passando no Brasil naqueles anos, uma vez que sua postura para com o jesuitismo possibilitou a circulação de uma filo- sofia dita “mentirosa”, pela qual livres pensadores como Voltaire difundiram ofensas aos dogmas prescritos pelo “Redemptor da humanidade” e passaram a difundir no Brasil o positivismo, o racionalismo, o materialismo e uma série de outras invenções, conforme diz, “absurdas e subversivas”. O texto publicado deixa claro que, ao atrelar-se a essas novidades, a mocidade passava a desrespeitar e a não mais admirar, devidamente, os dogmas do cristianismo. De todo modo, uma outra mocidade, à qual en- tendemos atrelar-se o autor do referido artigo, ainda adorava a “Luz” e es- tava abraçando a bandeira do Syllabus (GAZETA DE JUIZ DE FORA, 1882). Neste caso, lembrar-se do marquês de Pombal seria dar crédito à maçonaria que, insinua o articulista, homenagearia um de seus irmãos. Percebemos pelo artigo que a Igreja estava se posicionando e se organi- zando contra essa referida homenagem àquele que perseguiu a aristocra- cia portuguesa; ao grande inimigo da Companhia de Jesus; ao assassino do padre Malagrida e da família dos Távoras; além de condenar inocentes
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