Direito em Movimento - Volume 16 - Número 2 - 2º semestre/2018

162 Direito em Movimento, Rio de Janeiro, v. 16 - n. 2, p. 149-181, 2º sem. 2018 ARTIGOS Já Romero mudou-se para o Rio de Janeiro em meados da década de 1870. Na cidade atuou como advogado, político e, posteriormente, tornou- se professor da cadeira de filosofia do renomado Colégio Pedro II e da Faculdade Livre do Rio de Janeiro. 39 Na virada do século, participou ain- da da Comissão Revisora do Código Civil redigido por Clóvis Beviláqua (1859-1944), este também ex-aluno do Recife. 40 Naquela ocasião, Romero defendeu o Código dos ataques de Rui Barbosa, ex-aluno de São Paulo. Na Comissão travou-se um embate entre as visões mais liberais da Escola do Recife e aquelas mais conservadoras de São Paulo, onde a herança religiosa, sobretudo franciscana, foi marcante. 41 Em 1882 Barreto tornou-se professor da Faculdade de Direito do Re- cife. Através de suas ideias, o sergipano impactou a juventude estudantil da época, como lembra Graça Aranha (1868-1931), um de seus alunos e dis- cípulos. 42 Barreto morreria relativamente jovem, um pouco antes da procla- mação da República, em 1889, com apenas 50 anos e na pobreza. Romero faleceu em 1914, após tornar-se membro-fundador da Academia Brasileira de Letras, a partir de sua fundação em 1897. A influência de ambos foi tenlaube , espécie de revista Time da época. Ver WAELDLER, Alfred. “Der ‘deutsche Kämpfer’ von Pernambuco”. In: Die Gartenlaube – Illustrirtes Familienblatt . Leipzig: Ernst Keil, Jahrgang 1879, No. 42, p. 700-703. Disponí- vel em: https://archive.org/details/bub_gb_9VxRAAAAYAAJ. 39 Ver VITA, Luís Washington, “Introdução”. In: ROMERO, Sílvio. Obra Filosófica . Rio de Janeiro: José Olympio, 1969, p. XIV e VENTURA, Roberto. “História e Crítica em Sílvio Romero”. In: ROMERO, Sílvio. Compêndio de história da literatura brasileira. Rio de Janeiro: Imago, 2001, p. 13-15. 40 Para uma visão crítica a respeito da construção biográfica da figura de Beviláqua, ver SILVA, Wilton C. L. A construção biográfica de Clóvis Beviláqua: Memórias de admiração e de estigmas . 1ª. ed. São Paulo: Alameda, 2016. 41 Ver NEDER, 2007, p. 145-146. 42 Sobre Barreto, Aranha afirma: “O que ele dizia era novo, profundo, sugestivo. Abria uma nova época na inteligência brasileira e nós recolhíamos a nova semente, sem saber que ela frutificaria em nossos espíritos, mas seguros que por ela nos transformávamos. Estes debates incomparáveis eram pontuados pelas contínuas ovações que fazíamos ao grande revelador. Nada continha nosso entusiasmo. (…). Prosseguíamos impávidos, certo de que, conduzidos por Tobias Barreto, estávamos emancipando a mentalidade brasileira, afundada na teologia, no direito natural, em todos os abismos do conservadorismo. (…) nunca mais me separarei de Tobias Barreto (ARANHA, Graça. O Meu Próprio Romance . São Paulo: Cia. Editora Nacional, 1931, 147-152 Apud VENANCIO FILHO, 2011, p. 99-110).

RkJQdWJsaXNoZXIy NTgyODMz