Revista Arte e Palavra - Volume 1

E a nós, na janela, o tapa chega ao meio da cara na sua anarquia desvelada, na raiva não mais contida, na ameaça declarada. Tremula, solitária, a bandeira de nossa querida pátria amada sobre as areias perdidas da nossa vida. Não há seta ou rota de saída, escada de incêndio, bilhete de partida. O interfone toca. O texto é interrompido. As compras chegam e é preciso atenção, lavar bananas e a caixa de sabão. Mas o melhor não seria um outro banho? Refaço o coque. Passo cremes, perfume, batom. De volta à janela levo o olhar acima da bandeira que tremula. Entre nuvens, insistente, a nova lua – e a chance de redenção. Ó, pátria amada, idolatrada... salve... salve. 99

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