Revista Arte e Palavra - Volume 1
93 espaço, mesmo sem uso de microfones e caixas de som. Ali já poderia ter entendido o prenúncio: ainda que desse voltas, eu sempre voltaria ao Rio. Depois, como carioca é bom em fazer amizade, ainda que não te convide pra conhecer a própria casa, exceto se viver de São Cristóvão pra lá, porque suburbano, sim, gosta de aglomerar com gente. Por conta de amigos conheci o belíssimo trabalho desenvolvido pela Casa do Choro. Esse lugar mágico que Luciana Rabello transformou em escola, casa de shows e acervo. Por conta disso, também conheci o Bip Bip, tomei bronca do Alfredinho, e assim aprendi que aquele era lugar de silêncio, de contemplar o som. O máximo que se podia fazer era cantar, junto, à capela, no ritmo, na cadência e no tempo da roda. Ah, quando enfim fui apresentada ao Digão, da Livraria Folha Seca, a melhor da cidade, na encantada Rua do Ouvidor, me senti como que em casa, morando em um conto do João do Rio. E os Sambas do Peixe, bem como as rodas de choros no aniversário do “Mestre Pixinguinha”, foram ganhando espaço largo no meu coração. Sempre morei entre a Lapa e Santa Teresa, de modo que subia o morro, pra ir no Samba do Largo dos Guimarães. Houve dia que o samba de sábado quase que emendou no Samba em Paquetá, no domingo,
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