Revista Arte e Palavra - Volume 1

88 Quando a cidade grande ficou de quarentena, tornou-se pequena. Descobriu-se o talento musical do vizinho, que cantava na varanda, tal como se estivesse no quintal. Carros e suas buzinas ficaram nas garagens, fecharam o comércio, pararam as usinas. Na cidade menos poluída, estrelas e passarinhos se sentiram mais à vontade e as pessoas mudaram de vida. Compromissos inadiáveis e importantes foram suspensos, todos tiveram que se adaptar. Passou-se a valorizar o sol, o ar puro, abraços e beijos nem se diga. Eram os cachorros que levavam seus donos para passear (esses, por questões de segurança, com suas focinheiras). Luiz Eduardo de Castro Neves Pessoas aprenderam a cozinhar, cuidar de suas casas, famílias conviveram intensamente, abriu-se espaço para solidariedade, o tempo correu diferente. Sentimos falta do convívio social, gente precisa de gente. Apesar da tensão, incertezas e tristezas, muitos usaram o tempo para reflexão. Resta saber como ficaremos depois do temporal. Será que vamos olhar mais para o que realmente importa ou ficará tudo igual? Admiravel Novo Mundo

RkJQdWJsaXNoZXIy NTgyODMz