Revista Arte e Palavra - Volume 1
34 O céu límpido impedia que eu adivinhasse figuras nas nuvens. Na paisagem, pessoas desprezíveis, sem máscaras e sem alma apinhadas no calçadão, me obrigaram a dar as costas para a realidade. Sentei no sofá, tentando apreender o tempo, olhando para a parede branca. Eu não acordava porque não dormia. Mal percebi quando as névoas, desaparecidas da claridade da tarde, invadiram a sala prateada pela lua. Em um cinema inesperado, animais e objetos invisíveis na imensidão azul do dia chegaram em forma de palavras, turbinadas pelo vento, como sombras, na madrugada. Andréa Pachá Para Clarice
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