Relatórios de Pesquisa Nupegre | Número 4
45 Relat. Pesq. NUPEGRE, Rio de Janeiro, n. 4, 2019. em seus assentos. 74 Bento ainda cita as Normas de Tratamento SOC (State of Care), publicadas pelo HBIGDA para orientar profissionais que trabalham com transexualidade: Nestes três documentos (DSM-IV, CID-10 e SOC), as pes- soas transexuais são construídas como portadoras de um conjunto de indicadores comuns que as posicionam como transtornadas, independentemente das variáveis culturais, sociais e econômicas. Há algumas diferenças entre estes documentos. Para o SOC, “o transexual de verdade tem como única alternativa para resolver seus “transtornos” ou “disforias” as cirurgias de transgenitalização. Já no DSM-IV, a questão da cirurgia é apenas tangenciada, visto que sua preocupação principal está em apontar as manifestações do “transtorno” na infância, adolescência e fase adulta. O CID-10 é o documento mais objetivo: apresenta caracterís- ticas gerais e o código que deve estar presente em todos os diagnósticos referentes ao “transexualismo”. 75 A rigidez dos protocolos médicos e a visão normativa do diagnós- tico psiquiátrico varia entre os documentos. No entanto, todos eles locali- zam a experiência sexual – seja com termos mais pejorativos como “tran- sexualismo” ou mais eufemísticos como “disforia de gênero – no campo médico. Uma genealogia dos processos de construção da identidade de gênero transexual como uma doença é realizada por Lima e Cruz. O mecanismo exercido pela medicina e, principalmente, pela psiquiatria, tornou-se, em aliança com outros domí- nios de saberes, espaços produtores de regimes de ver- dade. De uma forma geral, alguns elementos destacam-se 74 BENTO, 2008, Op. Cit., p 98; LEITE, 2008, Op. Cit., p.179-186; LIMA, Fátima and CRUZ, Kathleen Tereza da. Os processos de hormonização e a produção do cuidado em saúde na transexualidade masculina. Sex., Salud Soc. (Rio J.) [online]. 2016, p.168; ARAN, Márcia & MURTA, Daniela. Do diagnóstico de transtorno de identidade de gênero às redescrições da experiência da transexualidade: uma reflexão sobre gênero, tecnologia e saúde. Physis, Rio de Janeiro. Vol. 19, p. 15-41, 2009, p. 31; RODIRGUES, Carla. Escritas- filosifia e gêne- ro. UFRJ, 2017, p. 49 Disponível em https://www.academia.edu/34387812/Escritas_-_filosofia_e_g%C3%AAnero Acesso em 10/01/2019. 75 BENTO. Op. Cit., 2008, p. 98-99
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