Relatório NUPELEIMS
51 Relat. Pesq. NUPELEIMS, Rio de Janeiro, n. 2, 2023. Em muitos dos casos levantados, os réus que fizeram discursos ofensivos às religiões de matriz africana são evangélicos. Sabemos que o termo evangélico é extremamente amplo, reunindo não só as igrejas mais expressivas, como também as “pentecostais sem denominação conhecida” (expressão usada pelo IBGE), de modo que tentamos, sem- pre que possível, identificar a crença evangélica específica em cada caso. Contudo, como a pesquisa foi feita apenas a partir da leitura das decisões judiciais, e não da leitura dos autos dos processos, ficamos limitados às informações que constam nos relatórios dos acórdãos (e eventualmente sentenças). E, talvez, mesmo que tivéssemos acesso aos autos, não conseguiríamos saber exatamente a igreja evangélica que o réu frequenta, já que é uma informação (provavelmente) irrele- vante para o processo. A denominação evangélica específica costuma ser informada somente quando os réus são pastores. Na tabela 44 apontamos as religiões dos réus nos 10 processos levantados. Tabela 44 PROCESSO RELIGIÃO DENOMINAÇÃO ESPECÍFICA BA 10 Evangélica Igreja “Casa de Oração Ministério de Cristo” (Pastora) PB 1 Evangélica Igreja Neopentecostal em Chamas (um dos réus é pastor) BA 18 Evangélica Igreja Ministério Restaurar (Pastor) BA 11 Evangélica Não informado DF 1 Cristã (provavelmente evangélica) 8 Não informado AL 1, BA 15, PR 20, PR 23, SC 9 Não informado Não informado 8 8 O réu foi denunciado em razão de comentários que fez sobre uma foto com imagens de orixás publicada no Facebook. A partir dos comentários, supomos (mas não podemos afirmar com segurança) que o réu seja evangélico. Os comentários foram: "tá repreendido em nome do senhor jesus"; “coisa do diabo isso”; "que saiba que crime é ensinar coisas abomináveis as nossas juventudes”; “conheço muito bem o que está escrito na Bíblia sagrada, concerteza [sic] isso aí não convém de Deus nem um pouco”.
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