Relatório NUPEGRE

49 Relat. Pesq. NUPEGRE, Rio de Janeiro, n. 6, 2022. eficaz o percurso institucional das mulheres que buscam atendimen- to nos serviços de saúde ou nas delegacias e então identificar entra- ves dentro do próprio sistema de justiça. De igual maneira, a elabo- ração de pesquisas empíricas para identificar os motivos pelos quais algumas mulheres nunca chegaram às instituições que compõem o sistema de justiça em diferentes contextos seria de fundamental im- portância para a construção de estratégias ainda mais eficazes de acesso à justiça. A falta de uma cultura institucional que fomente e invista na ge- ração de uma base de dados sobre as usuárias e o serviço oferecido, que seja integrada e que possa ser disponibilizada (nos limites da lei) afeta negativamente o estabelecimento de estratégias e ações integra- das mais eficazes. Para a efetivação do acesso à justiça para as mulheres e a fomen- tação de uma cultura de diálogo institucional para coibir violências e desigualdades estruturais, torna-se necessária a criação de um mains- treaming de gênero, que, nas palavras de Vargas (2011), seria (…) la organización (la reorganización), la mejora, el desarrollo y la evaluación de los procesos políticos, de manera que una perspectiva de igualdad de género se incorpore en todas las po- líticas, en todos los niveles y en todas las etapas, por parte de las personas actoras normalmente involucradas en la adopción de medidas. En realidad, se trata de un enfoque transformador con cuerpo teórico propio, que apunta a analizar los impactos di- ferentes del sistema de género en varones y mujeres, a tener en cuenta las especificidades de las personas como seres integra- les y a implementar medidas para corregir las desigualdades. (Vargas, 2011, p. 83) Destaca-se, assim, que a transversalização do gênero nos siste- mas de justiça permite o desenvolvimento de processos políticos e a elaboração de políticas públicas que incorpore a igualdade de gênero, a fim de coibir os processos de subalternização das mulheres.