Relatório NUPEGRE

48 Relat. Pesq. NUPEGRE, Rio de Janeiro, n. 6, 2022. Nos Centros de Referência, a falta de celular para que as profis- sionais pudessem fazer o atendimento remoto demorou meses para ser solucionada. Embora fosse de simples resolução, o problema, que im- pacta diretamente o acesso de vítimas ao atendimento da rede de prote- ção, persistiu durante quase todo o ano de 2020, e as profissionais tive- ram que utilizar seus celulares pessoais para realizar os atendimentos. As casas-abrigo 54 , que nos últimos anos vêm sofrendo com cons- tantes cortes orçamentários, não foram priorizadas para o recebimento de equipamentos de proteção individual (EPIs). Em algumas, o material foi doado por organizações sem fins lucrativos. O atendimento às vítimas nos IMLs, especialmente nas Salas Lilás, também foi prejudicado devido à falta de ventilação do espaço. A ausência de manutenção dos equi- pamentos fez com que o serviço fosse precarizado. Constatou-se que o déficit de alguns profissionais, como peritos e enfermeiras, que já existia antes da pandemia, foi agravado em função das contaminações. Por fim, importante destacar que, em algumas reuniões, foram narrados entraves relacionados à revitimização de mulheres por peritos durante o atendi- mento nos exames de corpo de delito e a consequente necessidade de capacitação sobre a violência com perspectiva de gênero. 6.4.3 Demanda de dados A elaboração de ações e estratégias em conjunto diante de uma situação de emergência revelou a importância de dados e estudos em diferentes aspectos. O preenchimento do formulário de risco durante a comunica- ção do crime à autoridade policial foi mencionado como uma fonte de “metadados/dados estatísticos importantes para a política pública de enfrentamento à violência contra as mulheres” (COEM, ata 13, 2020). Os Centros de Referência e o Núcleo de Atendimento à Mulher da Defensoria Pública forneceram dados internos com frequência, atra- vés dos quais observou-se o incremento da busca por esses serviços. Uma base de dados integrada poderia mapear de forma mais 54 As casas-abrigo são espaços em que vítimas de violência doméstica, vulneráveis socialmente, são acolhidas. Possuem equipe multidisciplinar com assistentes sociais, pedagogos, psicólogos e advogados que atuam na proteção das mulheres.

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