Relatório NUPEGRE

42 Relat. Pesq. NUPEGRE, Rio de Janeiro, n. 6, 2022. dos grupos sobre os meios digitais e suas ferramentas adjacentes. 46 É nesse sentido que, conforme a Teoria da Difusão Tecnológica 47 , entende-se que a tecnologia opera de forma desigual nas sociedades. Essa teoria ressalta, como fatores reprodutores de desigualdade, os diversos perfis socioeconômicos e educacionais, além da relutância de determinados grupos às mudanças, seja por razões culturais, seja por dificuldades como o avançar da idade e a insegurança diante de novo território tecnológico, sendo, no caso das mulheres, fator cultural que as afasta do contato com os meios digitais. A partir desse raciocínio, deve-se compreender o acesso aos meios digitais como forma de re- produção de exclusões já vivenciadas fora desse meio, no qual está inserta uma trajetória histórica de dominação. As desigualdades de gênero no acesso à tecnologia ainda são presentes. Estudo feito pelo Departamento de Sociologia da Universi- dade de Oxford verificou que o acesso a telefones celulares está dire- tamente associado a menores desigualdades de gênero, maior uso de anticoncepcionais e menor mortalidade materna e infantil. 48 Assim, a “exclusão por motivos de gênero na tecnologia da in- formação e comunicação é um fenômeno que passa despercebido em função da sua sutileza” 49 , principalmente porque existe o convencimen- to falacioso de que questões sociais “são androcêntricas, ou seja, tem a perspectiva masculina como parâmetro do humano”. 50 A exclusão digital de mulheres também é um fator que contribui para o aumento da violência doméstica, sendo mais uma barreira a difi- cultar o acesso dessas mulheres à informação e também ao sistema de justiça. Importa relacionar a exclusão digital às classes sociais menos 46 GUSTAVFSON, Davis; MCTAVISH, Fiona; STENGLE, William; BALLARD, Denise; JONES, Ellen; JULES- BERG, Karen, HAWKINS, Robert. Reducing the digital divide for lowincome women with breast cancer: A feasibi- lity study of a population-based intervention. Journal of Health Communication, 10(S1), 173-193, 2005. 47 Ibidem . 48 ROTONDI, V., et al. Leveraging Mobile Phones to Attain Sustainable Development. Proceedings of the Natio- nal Academy of Sciences of USA, vol. 117, no. 24, National Academy of Sciences, 2020, pp. 13413–20. 49 BERRÍO-ZAPATA, Op. Cit. 50 FACIO, Alda. Metodología para el análisis de género del fenómeno legal. En: Alda Facio y Lorena Fríes (Edi- toras), Género y Derecho, Santiago de Chile, Ediciones LOM, 1999, pp. 99-136. Disponível em: https://www. agencianuba.com/equis/wp-content/uploads/2016/01/S_1_1.pdf. Acesso em: 20 abr. 2022.

RkJQdWJsaXNoZXIy NTgyODMz