Relatório NUPEGRE

28 Relat. Pesq. NUPEGRE, Rio de Janeiro, n. 6, 2022. 449 casos de feminicídio monitorados, em 195 não foram informadas as motivações. Observou-se, ainda, que quanto maior o poder aquisitivo, maiores são as informações veiculadas nos canais de notícias. Nos casos em que as motivações do crime de feminicídio são informadas, a maior parte delas envolve brigas ou não aceitação pelo término do relaciona- mento, ocorrendo em 127 e 61 casos, respectivamente.  Nas tentativas de feminicídio, os principais tipos de motivações são: violência doméstica/brigas (316 eventos), término do relaciona- mento (71 eventos) e ciúmes (54 eventos). Em 224 casos monitorados, não foi possível estabelecer a motivação.  Outro ponto salientado pela pesquisa é a relação entre vítima e agressor. A maior parte dos agressores possuía relação de afeto e in- timidade com as vítimas. Em relação ao feminicídio, em 262 casos, o agressor era o cônjuge, namorado ou ex. Já em relação às agressões, em 497 casos, o agressor era o cônjuge, namorado ou ex. É importante destacar a invisibilidade nos casos de violência contra mulheres trans e de lesbocídio. Dos estados monitorados, ape- nas em São Paulo e Pernambuco as mídias relataram casos de transfe- minicídios, sendo 7 registros em São Paulo e 1 em Pernambuco. Se por um lado as pesquisas de órgãos ligados ao poder públi- co revelaram a diminuição dos registros, outras pesquisas que utiliza- ram fontes alternativas (como a veiculação de notícias em canais de comunicação) apontaram para o incremento da violência. Portanto, a registrada diminuição da porcentagem de crimes cometidos contra a mulher no período de isolamento social de 2020 representa, em ver- dade, não uma redução da violência, mas sim uma cifra oculta que decorreu do próprio isolamento social, acarretando a dificuldade de acesso a delegacias (especializadas ou não), além da alteração das comunicações presenciais para virtuais, a falta de acesso das mulhe- res à internet, o contingenciamento do funcionamento dos órgãos de persecução penal, quando não o fechamento. Constata-se, portanto, a “desarticulação e inoperância das instituições sociais de suporte a mulheres vítimas de violência”. 16 16 SANTI, L, NAKANO, A. M. S. & LETTIER, Angelina. Percepção de mulheres em situação de violência sobre o

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