Relatório NUPEGRE

27 Relat. Pesq. NUPEGRE, Rio de Janeiro, n. 6, 2022. 417 de violência sexual, 28 de violência financeira e 13 relacionados a outros tipos de violência. Noutro giro, foram analisados também os dados apresentados pela pesquisa A Dor e a Luta: números do feminicídio , elaborada pela Rede de Observatório da Segurança a partir do monitoramento das no- tícias veiculadas em canais de comunicação sobre a dinâmica de cri- mes de violência contra as mulheres em cinco estados: Bahia, Ceará, Pernambuco, Rio de Janeiro e São Paulo. 15 Os dados coletados demonstram picos na incidência de notícias sobre crimes de violência contra as mulheres após o período de isola- mento social imposto pelos decretos estaduais e municipais em razão da pandemia de covid-19. Outro ponto destacado na pesquisa supraci- tada é a ausência do critério étnico-racial das vítimas nas informações transmitidas pelos jornais.  Dos eventos monitorados em 2020, o feminicídio e a violência contra a mulher apareceram em terceiro lugar, com 1.823 casos, abaixo dos eventos relacionados com policiamento e crimes envolvendo arma de fogo. Além disso, salientam a baixa circulação de informações sobre violência contra a população LGBTQIA+, racismo e injúria. A pesquisa monitorou 1.823 eventos relacionados à violência contra as mulheres em 2020, o que representa a média de 5 eventos a cada dia. Dentre esses eventos, 449 foram de feminicídio, e 753 de tentativas de feminicídio ou agressões físicas. No Rio de Janeiro, foram monitorados 50 eventos de feminicídio e 161 relacionados a tentativas de feminicídio ou agressões físicas. No que tange ao homicídio contra as mulheres, violência sexual/estupro, agressão verbal/ameaça, tortu- ra, cárcere privado/sequestro e tentativa de homicídio, foram registra- dos, respectivamente, 34, 38, 27, 13 e 2 casos.  A Rede de Observatórios da Segurança constatou que a classifica- ção dos assassinatos de mulheres como feminicídio nos estados monito- rados ainda é pouco adotada, o que gera subnotificação e invisibilidade. Quanto às motivações, foi constatado que na maior parte dos casos tais elementos não são noticiados pelos canais de comunicação, pois dos 15 RAMOS, Silvia et al. A dor e a luta: números do feminicídio. Rio de Janeiro: Juliana Gonçalves, CESeC, 2021.