Relatório NUPEBIOS
23 Relat. Pesq. NUPEBIOS, Rio de Janeiro, nº 2, 2023. Figura 7 Percebe-se, na discussão atual sobre o aborto, que as formas de apreciação empregadas conduzem à hierarquização de um feixe de direitos sobre o outro, com a consequente formação de arranjos argumentativos que supervalorizam as respectivas justificações, ao mesmo passo em que normalmente desacreditam ferozmente os rivais. O instrumental analítico normalmente é utilizado tão somente para encontrar correlações que corroborem as respectivas posições, sem jamais desafiar visões e crenças particulares e pré-concebidas. Posições pró e contra o aborto e, principalmente, o debate acerca da conveniência, ounão, damanutençãodas hipótesesde sua criminalização são fortemente influenciadas por vieses políticos, morais e religiosos. Permitir o aborto ofende patronos da perspectiva “pró-vida do feto” na mesma medida que proibir/criminalizar insulta defensores do ponto de vista “pró-escolha da mulher”. O maior desafio ao pesquisar sobre o aborto talvez tenha sido o de permanecermos no modo cientistas e, assim, resistirmos às tentações de pregar, advogar e fazer política relacionados ao assunto 13 . 13 As referências aos modos cientista, religioso, advogado e político foram inspiradas na obra Pense de Novo,
Made with FlippingBook
RkJQdWJsaXNoZXIy NTgyODMz