Relatório NUPEBIOS

15 Relat. Pesq. NUPEBIOS, Rio de Janeiro, nº 2, 2023. Nas semanas seguintes, Ana conseguiu por conta própria obter a quantia para o pagamento do abortamento. Durante o período, esteve muito próxima de José, com quem queria reatar o relacionamento. Inclusive, pediu a ele que a acompanhasse no dia do procedimento, pois não tinha ninguém que pudesse ir com ela. No dia 26 de agosto de 2014, José deixou Ana no local informado pela equipe da Clínica X, em Bonsucesso, em frente à Igreja Universal, e logo em seguida se aproximou um carro que conduziu Ana até o local de consumação do aborto. José ficou aguardando o retorno de Ana, conforme fora combinado. Momentos antes do início do procedimento, informaram a Ana que era necessário desligar o telefone. Ansiosa e alarmada, antes de desligar enviou mensagem a José e disse que estava com medo, com sentimento de que algo ruim iria acontecer. Após incontáveis horas de espera por parte das pessoas que tinham conhecimento da ida de Ana à clínica, esta não apareceu e sequer transmitiu notícias. Então, José e Sofia registraram ocorrência noticiando o desaparecimento de Ana. Ana teve complicações durante o procedimento. A equipe da clínica tentou reanimá-la, mas sem sucesso, vindo Ana a falecer. O corpo de Ana ficou por horas dentro da clínica, que foi fechada logo após a sua morte. Membros da equipe, composta de 12 pessoas, decidiram em uma mesa de bar o que fariam com Ana. Após decisão macabra, Ana, no mesmo dia, teve seu corpo mutilado, membros inferioresesuperiorescortados, alémde todososseuselementos dentários arrancados. Os seus restos mortais foram colocados no porta- malas de um carro e levados a um sítio na zona norte do RJ. Ao cair da noite, os membros da equipe decidiram atear fogo no carro com o corpo de Ana dentro. Apesar de o corpo estar todo carbonizado, a perícia do caso concluiu que Ana sofreu diversas mutilações: braços e pernas cortados, arcadas dentárias arrancadas, assim como perfuração na cabeça provocada por projétil de arma de fogo.