Relatório NUPEBIOS
14 Relat. Pesq. NUPEBIOS, Rio de Janeiro, nº 2, 2023. (então uma jovem de 27 anos), solteira, auxiliar administrativa, àquela altura mãe de uma menina de 8 anos 6 . Nos primeiros meses de 2014, após o término de um outro relacionamento de cinco anos, iniciou e manteve um breve relacionamento com Leonardo (nome fictício), tendo então engravidado de forma indesejada. Ana ficou emocionalmente abalada ao descobrir a gravidez e comunicou a situação a Leonardo, que logo deixou a cidade. Ana, então, procurou o ex-companheiro José (nome fictício), pai de sua filha, na tentativa de reatar o relacionamento anterior fracassado. Já com três meses de gestação, contava com o suporte de José. Ana experimentou diversas aflições e tudo lhe parecia perdido quando decidiu abortar: estava grávida, sem qualquer suporte de Leonardo, sem condições financeiras e com uma criança de oito anos para cuidar. A mãe de Ana, Sofia, não concordava com o aborto. Recorreu, então, à sua melhor amiga, Lili, em busca de consolo e orientação. Por meio de troca de mensagens, Lili garantiu a Ana que a Clínica X (nome fictício) era um lugar apropriado para a realização do procedimento. Ana expressou certo otimismo ao encontrar um local para a efetivação do aborto, buscou informações a respeito e telefonou para Leonardo solicitando ajuda, mas este recusou. Sem qualquer suporte de Leonardo, a quantia de R$ 4.500,00 (quatro mil e quinhentos reais) cobrada pela clínica constituía empecilho diante de sua situação financeira. Ana expressava suas angústias e aflições à sua amiga Lili, que sempre a confortava. Entre uma conversa e outra, dizia que estava feliz por conseguir contato com a clínica, por encontrar uma forma de “resolver” o problema, mas angustiada pela falta de recursos para arcar com os custos do procedimento. 6 No decorrer das investigações descobrimos que o caso fora amplamente divulgado por inúmeros veículos de imprensa e mídias sociais.
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